🏀 “Destino: Riga” – Eliminação com honra
Portugal foi eliminado pelos campeões do mundo, mas despediu-se do EuroBasket 2025 com o orgulho de ter levado a Alemanha ao limite e a certeza de que deixou uma boa imagem em Riga.
“Destino: Riga” é o diário de bordo da seleção portuguesa rumo ao EuroBasket 2025: treinos, jogos e bastidores, sempre com olhos postos também no que acontece nas outras seleções. No final de cada edição, telegramas curtos com os principais destaques da atualidade. A missão é clara: contar tudo sobre o EuroBasket.
🇵🇹 Resistir até ao limite
A Seleção Nacional foi eliminada do EuroBasket 2025 nos oitavos-de-final, após derrota frente à campeã do mundo Alemanha por 85-58, em Riga. O resultado final não espelha o equilíbrio que marcou grande parte do encontro: Portugal esteve em vantagem ao intervalo e entrou no último quarto a perder apenas por um ponto.
O início foi marcado pela surpresa. Portugal entrou melhor, chegou a liderar por 2-7 e fechou o primeiro período a perder por apenas cinco pontos (17-12). No segundo quarto, os alemães continuaram a falhar no tiro exterior — chegaram a ter 1/24 dos 6,75 metros — e a equipa de Mário Gomes aproveitou para virar o marcador, chegando ao intervalo a vencer por 31-32.
A Alemanha, que até este jogo nunca tinha estado em desvantagem no torneio durante mais de cinco minutos, foi para os balneários com o seu pior registo ofensivo em 20 minutos nesta edição da prova. A defesa portuguesa, liderada por Neemias Queta, limitou o ataque germânico e manteve a confiança elevada.
No terceiro quarto, a campeã do mundo subiu de intensidade defensiva, mas Portugal respondeu. Bons minutos de Diogo Gameiro e a eficácia de Queta na linha de lance livre mantiveram o jogo equilibrado até ao final do parcial, que terminou 52-51 para a Alemanha. O desfecho ficou selado no quarto período. Maodo Lo quebrou a longa série de 22 falhanços consecutivos dos alemães nos triplos e abriu caminho a um parcial de 13-0. A Alemanha disparou no marcador e fechou o jogo com um 33-7 nos últimos dez minutos, garantindo a presença nos quartos-de-final.
Neemias Queta (18 PTS, 11 REB, 2 STL, 1 BLK) foi, mais uma vez, a principal referência da equipa das quinas, que contou com bons contributos de Travante Williams (8 PTS, 3 REB, 2 AST) E Diogo Gameiro (7 PTS, 1 REB, 4 AST, 2 STL). Do lado alemão, Franz Wagner (16 PTS, 7 REB e 5 AST) foi eleito jogador do jogo, bem acompanhado por Dennis Schröder (16 PTS, 3 REB, 3 AST) e Isaac Bonga (15 PTS, 7 REB, 4 STL).
Portugal despede-se da competição depois de garantir, pela primeira vez desde 2007, a presença entre os 16 melhores da Europa.
Neemias Queta: “Boa experiência para aprender”
No adeus ao EuroBasket, Neemias Queta destacou o orgulho pelo percurso da Seleção, frisou a aprendizagem proporcionada pela competição e a felicidade de representar Portugal. O poste reconheceu as dificuldades impostas pela Alemanha no último período, mas sublinhou a confiança que este torneio deixa para o futuro.
“Foram uns bons três períodos. Soubemos gerir a pressão. O tamanho deles foi algo que nos afetou na tabela defensiva e no quarto período foi mesmo determinante, mas estamos bastante orgulhosos do nosso trabalho e do que fizemos neste torneio."
“Foi uma boa experiência para aprender e na próxima vez estarmos mais preparados para estar aqui a este nível. Foi um torneio em que tivemos altos e baixos, mas, acima de tudo, conseguimos competir com as melhores equipas e isso, tendo em conta o nosso contexto, é algo do qual nos devemos orgulhar imenso. Que da próxima vez possamos estar melhor. (…) Gosto de estar aqui e representar a seleção. Estou muito feliz aqui com os meus colegas. Divirto-me imenso a representar o país. É algo de que eu me orgulho imenso.”
“Temos de ir pouco a pouco, não se traçam objetivos à última hora. O que fizemos aqui não interessa para o Mundial. Temos de saber o que é que fizemos bem e levar as coisas que fizemos bem para o apuramento para o Mundial e depois, jogo a jogo, fazer mais do mesmo. Sabemos que não vai ser fácil, temos um grupo complicado, mas, ao mesmo tempo, sabemos o nosso valor. Temos de aproveitar este momento e continuar a jogar com a mesma confiança, porque não vai ser fácil. Já temos um bocadinho de experiência a este nível elevadíssimo. Temos de tornar esta experiência benéfica para nós.”
Miguel Queiroz: “Todos desfrutaram a ver Portugal jogar”
No balanço final da prestação portuguesa no EuroBasket, o capitão Miguel Queiroz não escondeu a tristeza pela eliminação frente à campeã do mundo, mas sublinhou o orgulho pelo percurso da Seleção e pela forma como Portugal deixou marca em Riga.
“Foi um jogo difícil, afinal estávamos a defrontar a campeã do mundo. Uma seleção que não vinha a um Europeu há 14 anos e faz uma exibição como a que fizemos neste jogo, tem de estar orgulhosa. Não tivemos força para lutar até ao fim porque temos de estar sempre no limite para defrontar estas equipas. Fisicamente é muito desgastante. Mas acho que todos desfrutaram a ver Portugal jogar, todos vão ficar com boas memórias e tenho a certeza de que, se continuarmos a fazer o trabalho que temos feito, vamos ver-nos mais vezes nestes palcos.”
“Foi um prazer estar aqui. Estou muito orgulhoso pela minha equipa. Fico triste porque o EuroBasket acabou para nós, mas isso não tem nada a ver com a nossa performance. Esta caminhada em Riga foi incrível. Só estou triste porque acabou.“
Mário Gomes: “Nenhum selecionador está mais feliz do que eu estou com a minha equipa”
No final da partida, o selecionador Mário Gomes não escondeu o orgulho pelo percurso da Seleção Nacional e pelo esforço dos jogadores diante da campeã do mundo. Reconheceu as limitações físicas e a ausência de Diogo Ventura, mas sublinhou a forma como Portugal competiu durante três períodos e a dignidade com que se despediu do EuroBasket 2025.
“Conseguimos resistir durante 30 minutos, mas no último período foi nítido que já não tínhamos mais combustível. Além de termos um desgaste grande em alguns jogadores, que tiveram de jogar muito tempo contra a Estónia, casos do Rafael Lisboa, do Travante (Williams), do Miguel (Queiroz). A juntar a isso, ficámos com menos um jogador na rotação dos bases, que é talvez o setor mais forte — se é que há um setor mais forte — nesta equipa da Alemanha. E o nosso base mais físico, que é o Diogo (Ventura), não pôde jogar. Fomos até onde pudemos.”
“Nesta altura, mais do que falar no jogo, a única coisa que quero dizer é que deve haver alguns treinadores felizes com as suas equipas aqui neste Campeonato da Europa, alguns poderão estar tanto como eu, mas nenhum está mais feliz do que eu com a minha equipa. Mundial 2027? Vamos ver o que é que aí vem. É prematuro estar a falar disso. Terminar este percurso é um momento muito emocional para mim. Antes que diga asneiras, é melhor não dizer nada.”
🇩🇪 Alemães impressionados pela réplica lusa
A vitória da Alemanha sobre Portugal esteve longe de ser tranquila, e no rescaldo do jogo alguns jogadores sublinharam a boa réplica dada pela Seleção Nacional e a exibição de Neemias Queta.
O poste Daniel Theis reconheceu que o jogo com Portugal foi uma prova dura e que o plano defensivo luso os obrigou a sair da zona de conforto. E não poupou elogios ao gigante do Vale da Amoreira.
“É sempre possível melhorar em cada jogo. Vi o primeiro jogo da Turquia com a Suécia, foi uma grande batalha, tal como Portugal nos obrigou a travar hoje. É a fase a eliminar, já não há jogos fáceis. Queríamos ganhar e foi isso que conseguimos. Portugal defendeu muito bem. No pintado fecharam-nos os caminhos e obrigaram-nos a lançar de três pontos. Na primeira parte não conseguimos marcar. O Neemias fez um grande jogo. Acho que lhe oferecemos alguns afundanços fáceis, mas esse é o jogo dele. Jogou muito bem e foi duro de enfrentar.”
Isaac Bonga destacou a dificuldade inicial perante a intensidade portuguesa e a forma como a Alemanha só conseguiu impor-se na segunda parte.
“Tivemos dificuldades nos ressaltos no começo e não conseguimos jogar tão rápido como queríamos. Na segunda parte, estivemos melhor na defesa e também nos ressaltos. Não acertámos nos lançamentos hoje, mas nestes momentos é preciso continuar agressivo. Nem sempre vais ter um jogo perfeito. Acho que nem antes tínhamos jogos perfeitos. Em partidas como esta, é preciso manter os princípios. Na segunda parte conseguimos fazê-lo e foi realmente um esforço coletivo.”
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🇫🇮 Finlândia elimina a Sérvia
Surpresa em Riga: a Finlândia derrotou a Sérvia por 92-86 e garantiu um lugar nos quartos-de-final do EuroBasket, repetindo a presença no top-8 pela segunda edição consecutiva. Lauri Markkanen liderou com 26 pontos e 7 ressaltos, mas foi Elias Valtonen o herói nos minutos finais, com 8 pontos decisivos nos últimos dois minutos. Do lado sérvio, Nikola Jokić (30 PTS, 8 REB) e Nikola Jović (20 PTS) não evitaram a eliminação. É o segundo EuroBasket seguido em que a Sérvia fica fora dos “quartos”.🇱🇹 Lituânia vence o dérbi do Báltico
A seleção lituana derrotou a Letónia por 88-79, num jogo intenso perante 11 mil adeptos em Riga, e garantiu presença nos quartos-de-final do EuroBasket. Arnas Velička brilhou com 21 pontos, 12 assistências e 5 ressaltos, juntando-se a nomes como Šarūnas Jasikevičius e Mantas Kalnietis na lista de lituanos com 10+ assistências em fases a eliminar. Kristaps Porziņģis (34 PTS, 19 REB) liderou os letões, mas não evitou o adeus da seleção anfitriã, que deixou a competição sob forte ovação do público.🇱🇻 Fim de ciclo para Luca Banchi
Após a derrota da Letónia frente à Lituânia nos oitavos-de-final, Luca Banchi confirmou o fim da sua ligação à seleção letã, que orientou desde 2021. O técnico italiano mostrou orgulho pelo percurso de quatro anos — com 21 vitórias em 22 jogos de qualificação e a afirmação da Letónia no topo europeu — e confessou ter-se sentido “letão desde o primeiro dia”. Apesar da desilusão pela eliminação, sublinhou a ligação única criada entre equipa, país e adeptos.🇹🇷 Turquia regressa aos quartos-de-final
A seleção turca venceu a Suécia por 85-79 e alcançou os quartos de final do EuroBasket pela primeira vez desde 2009. Alperen Şengün voltou a ser decisivo, com 24 pontos, 16 ressaltos e 6 assistências, registando o terceiro duplo-duplo na competição. A Suécia surpreendeu na primeira parte, mas cedeu perante um parcial de 14-0 no terceiro período e a explosão final do poste dos Houston Rockets. A Turquia soma agora seis vitórias consecutivas, a melhor série desde 1957, e vai defrontar Polónia ou Bósnia nos “quartos”.
Muito orgulhoso da equipa, grande exibição neste torneio, nem acreditava que estavam só a perder por um a entrar no último período.
E isto tudo sem termos um jogo em que estavam todos os jogadores com a pontaria afinada no mm jogo. Parece que se dividiram pelos jogos. Ainda deixaram a impressão que conseguem mais o que deixa boas perspectivas para o futuro aprendendo com esta experiência.