🏀 “Destino: Riga” – A montanha mais alta
Alemanha chega invicta e demolidora, liderada por Franz Wagner e Dennis Schröder, mas a equipa de Mário Gomes quer prolongar o sonho e testar os limites do impossível.
“Destino: Riga” é o diário de bordo da seleção portuguesa rumo ao EuroBasket 2025: treinos, jogos e bastidores, sempre com olhos postos também no que acontece nas outras seleções. No final de cada edição, telegramas curtos com os principais destaques da atualidade. A missão é clara: contar tudo sobre o EuroBasket 2025.
🇩🇪 Desafio colossal: Alemanha no caminho luso
A campeã do mundo chega a Riga em velocidade de cruzeiro e com o conta-quilómetros a piscar: 5 vitórias em 5 jogos na fase de grupos e 105,8 pontos de média por jogo. Só a URSS de 1985 marcou mais nesta fase de um EuroBasket (107,4). A Alemanha não falhou em Tampere e traz a artilharia pesada para os oitavos. O jogo está marcado para sábado, 13:15 (Lisboa), na Xiaomi Arena.
Percurso da Alemanha
5-0 no Grupo B: Montenegro (106-76), Suécia (105-83), Lituânia (107-88), Grã-Bretanha (120-57), Finlândia (91-61).
Explosões ofensivas: quatro jogos seguidos acima dos 100 pontos e a maior vitória alemã em EuroBasket desde 1969 (+63 à Grã-Bretanha).
Eficiência e controlo: percentagem de lançamentos de campo acima de 53% em várias partidas; a ganhar por 10+ ao intervalo em EuroBasket estão 25-0.
Triplo como arma: 19 triplos frente à Lituânia, igualando recorde desde 1995.
Marcos individuais: Dennis Schröder ultrapassou os 500 pontos em jogos de EuroBasket; Daniel Theis perfeito vs Lituânia (9/9 FG, 3/3 3PT); Franz Wagner MVP frente à Finlândia (23-7-3 em 20’).
Identidade de jogo
Ritmo alto, execução e profundidade. Dennos Schröder dita os ritmos e cria vantagens, Franz Wagner castiga mismatches com e sem bola, Andreas Obst estica o campo com o seu lançamento exterior (53,6%) após bloqueios indiretos e em transição, Isaac Bonga é a “carraça” defensiva de serviço, e Daniel Theis dá continuidade a partir de bloqueios diretos em que pode rolar para dentro ou abrir para fora. E a segunda unidade mantém a intensidade.
Vozes do balneário alemão
O selecionador Alex Mumbrú regressou à equipa em Riga após ter falhado toda a fase de grupos por doença. O interino Alan Ibrahimagić revelou que o treinador espanhol liderou o treino de sexta-feira e é esperado no banco frente a Portugal.
“Estou à espera que ele volte a assumir amanhã. No fim, é decisão dos médicos. Ontem só fizemos lançamentos; hoje o Alex liderou o treino.”
O estreante Tristan da Silva sublinhou o espírito do grupo e antecipou um plano específico para Neemias Queta.
“É sempre o orgulho nacional que está em jogo. Por isso todos estão um pouco mais entusiasmados, um pouco mais motivados. As regras FIBA também são um pouco diferentes. Por isso, ele (Neemias Queta) provavelmente terá ainda mais presença no pintado, podendo ficar lá mais tempo e tocar na bola junto ao aro, esse tipo de coisas. Já olhámos para algum do scouting que fizemos. Mas vai ser divertido.”
“Não estamos intimidados por ninguém” — Neemias Queta em entrevista ao Eurohoops
A qualificação histórica de Portugal para os oitavos-de-final do EuroBasket trouxe também uma atenção inédita à figura de Neemias Queta. Em entrevista ao jornalista Cesare Milanti, do portal Eurohoops, o poste dos Boston Celtics falou sobre a caminhada da Seleção, o impacto coletivo da equipa, os duelos contra algumas das maiores figuras do basquetebol europeu e mundial, e ainda sobre a sua relação com Joe Mazzulla.
Queta não escondeu o orgulho pelo que Portugal já alcançou, mas reforçou que não há espaço para satisfações antecipadas.
“Foi um jogo muito importante para nós. Sabíamos desde o início o quanto significava e que provavelmente teríamos de ganhar esse último jogo. Criou-se uma expectativa enorme e estávamos todos muito entusiasmados. Tivemos uma reunião de equipa antes, falámos abertamente e entrámos prontos. Não foi nada fácil: a Estónia tinha muitos adeptos, mas acho que lidámos bem com isso, os rapazes apareceram, marcaram nos momentos decisivos, e foi uma grande vitória.”
A estreia diante da Chéquia, onde registou 23 pontos, 18 ressaltos, quatro desarmes de lançamento e 39 de valorização, foi apenas o primeiro aviso. Para Queta, o EuroBasket é uma oportunidade dupla: ajudar Portugal a escrever história e preparar uma época de afirmação em Boston.
“Queria ser uma presença interior, dominar nos ressaltos, intimidar no pintado, fazer o meu trabalho. A equipa tinha feito uma qualificação incrível sem mim e eu queria acrescentar competitividade e qualidade. Este palco é uma grande oportunidade para evoluir e também uma forma de me preparar para a próxima época.”
Sem falsas modéstias, mas sempre com os pés assentes no chão, o poste português lembrou que este é um feito coletivo.
“É um feito histórico porque Portugal não é visto como país de basquetebol, mesmo havendo talento. Mas isto é esforço coletivo. O Rafa (Lisboa) fez um jogo tremendo, com aquele triplo quase do meio-campo, mas ele tem trabalhado muito. O Miguel (Queiroz), nosso capitão, melhora-nos todos os dias pela atitude e exigência. O (Diogo) Brito e o Travante (Williams) são fundamentais na defesa. Podia continuar a nomear colegas, mas o mais importante é o coletivo.”
E sobre o próximo adversário, a campeã do mundo Alemanha, Queta deixou a nota de confiança que hoje marca o grupo nacional:
“Vai ser muito duro. Eles são campeões do mundo por alguma razão: muito bem treinados, com talento, tamanho e ritmo alto. Temos de os obrigar a jogar ao nosso estilo, ser físicos, não permitir pontos fáceis em transição, abrandar o jogo. Claro que eles vão encontrar soluções, mas não podemos facilitar. Não estamos intimidados. Estamos prontos para competir.”
Sérgio Ramos garante Portugal descomplexado frente à Alemanha
Na antecâmara do jogo dos oitavos-de-final do EuroBasket, o treinador adjunto Sérgio Ramos assegura, em entrevista à Agência Lusa, que Portugal vai encarar a campeã mundial Alemanha sem medo e sem se dar por vencido à partida.
“Vai ser um jogo difícil, como todos neste Europeu. Estamos a enfrentar as melhores equipas da Europa e a Alemanha é uma excelente equipa, é campeã mundial, tem muitas armas, joga um basquetebol muito dinâmico. Aliás, é a equipa com mais pontos no campeonato. Temos que ir para o jogo sabendo que é uma tarefa difícil, mas que a Alemanha também tem alguns pontos débeis, que nós temos que explorar.”
A receita para resistir à potência germânica resume-se em poucas palavras: caráter e ousadia.
“Jogar descomplexados, com atitude, com caráter, que é o que temos feito até agora. Uma das coisas que esta equipa tem feito é jogar sem temor do adversário, respeitando e sendo humildes, mas deixando tudo em campo. (…) Vamos tentar demonstrar que temos capacidade para estar também nestas fases. Os jogadores até agora nunca falharam ao nível daquilo que é a atitude, a mentalidade, o caráter. Sabemos de antemão que é uma tarefa complicada, mas enfrentamos os desafios da melhor maneira possível e com um sorriso nos lábios.”
Apoie o projeto Borracha Laranja! Além da nossa newsletter de fim-de-semana e outras publicações gratuitas, disponibilizamos conteúdos premium, como a rubrica áudio Queta Report, a secção de artigos de Análise vídeo, Q&As mensais, participação em ligas fantasy e acesso a salas de chat exclusivas.
Para uma leitura otimizada, faça download da app da Substack. E siga-nos nas redes sociais: X/Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Twitch, Telegram e WhatsApp.
📬 Telegramas
🇪🇸 Fim de uma era em Espanha
Sérgio Scariolo despediu-se da seleção espanhola após 15 anos de sucessos e títulos. Eliminado na fase de grupos frente à Grécia, o técnico italiano deixou elogios ao esforço dos seus jogadores e sublinhou o legado construído: quatro ouros no EuroBasket, um Mundial, medalhas olímpicas e a criação de uma cultura competitiva. “Vou ser o fã número 1 de Espanha a partir de agora”, garantiu, pedindo que a nova geração mantenha o ADN de “não desistir nunca” e a união que sempre definiu La Roja.
🇹🇷 Larkin sonha com medalha para a Turquia
Shane Larkin brilhou contra a Sérvia e encara os oitavos com ambição renovada. O base do Anadolu Efes destacou a forma como foi acolhido no país e a importância de estar a escrever a sua própria história: “Se for parte da equipa que trouxer uma medalha para casa, significaria tudo para mim”. A Turquia defronta a Suécia no caminho para os quartos, liderada pelo talento ofensivo de Larkin e Alperen Şengün.
🇫🇷 Cordinier preparado para “dançar” com Shengelia
A França terminou o grupo em 1.º lugar (4-1) e vai medir forças com a Geórgia nos oitavos, reencontro especial para Isaia Cordinier. O base vai defrontar Tornike Shengelia, antigo colega no Virtus Bologna: “Com os melhores amigos jogamos ainda mais duro, mas em campo não há amigos”. O francês avisou para a competitividade do torneio, lembrando a eliminação de Espanha, e deixou elogios ao sucessor em Bolonha, Saliou Niang: “Vai ser muito importante, tem motor e melhorou bastante este verão”.
🇸🇮 Dončić em modo recorde e sem medos
Luka Dončić voltou em grande depois de… uma corrida à casa de banho antes do hino, explicação insólita que arrancou risos. Em campo não houve brincadeiras: 37 pontos, 11 ressaltos e 9 assistências no triunfo sobre Israel (106-96). O esloveno ultrapassou Goran Dragić como melhor marcador da história da seleção (1.100 pontos). Apesar do ceticismo externo, deixou a promessa: “Muitos não acreditam que podemos ganhar uma medalha, mas nós acreditamos”.
🇬🇷 Spanoulis reclama por Giannis
O selecionador grego Vassilis Spanoulis criticou os critérios de arbitragem no EuroBasket, defendendo Giannis Antetokounmpo: “Não pode haver jogadores como o Luka Dončić a ir 20-23 vezes para a linha e o Giannis a implorar por faltas. Doze lances livres são poucos, podia ter mais 10”. Spanoulis pediu igualdade de critérios em relação a estrelas como Nikola Jokić, Alperen Şengün ou Lauri Markkanen.