🏀 Neemias Queta com exposição recorde
Com um calendário que inclui 25 jogos transmitidos a nível nacional nos EUA e 13 «back-to-backs», poste português prepara-se para a temporada mais mediática e exigente da carreira.
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☘️ Quetalândia: Celtics terão 25 jogos em TV nacional
A temporada 2025-26 promete colocar Neemias Queta sob os holofotes como nunca antes. O calendário integral da nova época, divulgado esta quinta-feira pela NBA, confirma que os Boston Celtics terão 25 jogos transmitidos a nível nacional nos Estados Unidos — via Amazon Prime, NBC/Peacock, ESPN e ABC — um patamar de visibilidade que ganha peso acrescido se o gigante do Vale da Amoreira confirmar a expectativa de ser titular.
A primeira semana não podia ser mais desafiadora. Boston abre em casa frente aos Philadelphia 76ers (22 outubro), ainda com a incerteza sobre o estado físico de Joel Embiid, que falhou grande parte da última temporada devido a uma lesão no joelho esquerdo. Segue-se uma viagem até ao Madison Square Garden para defrontar os New York Knicks (24 outubro), carrascos dos Celtics nos playoffs de 2025, e a semana fecha com uma visita aos Detroit Pistons (26 outubro). Caso se confirme a titularidade de Queta, o poste português terá logo pela frente três duelos de peso para abrir a época: Joel Embiid, Mitchell Robinson (ou Karl-Anthony Towns) e Jalen Duren.
Entre os momentos mais aguardados estão, naturalmente, os dois reencontros com os Sacramento Kings, a equipa que escolheu Queta no draft de 2021:
1 de janeiro, em Sacramento, num regresso ao Golden 1 Center.
30 de janeiro, em Boston.
O calendário traz ainda ingredientes especiais para o internacional português à boleia do EuroBasket 2025, onde representará Portugal e terá pela frente três dos melhores postes da NBA, adversários na fase de grupos da competição que arranca a 27 de agosto:
7 de janeiro (casa) e 25 de fevereiro (fora), frente aos Denver Nuggets do sérvio Nikola Jokić.
4 de fevereiro (fora) e 14 de março (casa), diante dos Houston Rockets do turco Alperen Şengün.
17 de janeiro (fora) e 27 de março (casa), frente aos Atlanta Hawks do letão Kristaps Porziņģis, antigo colega de equipa em Boston e rival no palco europeu.
Há ainda os reencontros com Luke Kornet (San Antonio Spurs), antigo colega no frontcourt dos Celtics, marcados para 10 de janeiro (em Boston) e 10 de março (em San Antonio).
O calendário inclui 13 back-to-backs, sendo o mais duro a dupla 3-4 de fevereiro: visita a Dallas e, no dia seguinte, jogo em Houston, frente a duas das equipas mais fortes do Oeste. Boston não jogará no Natal pela primeira vez em nove anos, terá apenas dois jogos em feriados (Dia de Martin Luther King Jr. e Domingo de Páscoa), viajará cerca de 71 mil quilómetros e não terá séries longas de jogos em casa ou fora (máximo de quatro e cinco consecutivos, respetivamente).
Para Neemias Queta, a conjugação entre tempo de jogo potencial e a projeção mediática de 25 transmissões nacionais faz desta uma oportunidade de afirmação não apenas em Boston, mas em toda a NBA.
⭐ Neemias Queta em destaque no podcast “Hardwood Knocks”
Neemias Queta foi um dos nomes escolhidos por
, autor do , na rubrica “NBA Hidden Gems Hiding In Plain Sight… Until Now” do podcast Hardwood Knocks. A ideia? Identificar jogadores que, apesar de já terem dado sinais de qualidade, nunca tiveram minutos consistentes para mostrar todo o seu potencial.Para Shearer, o poste português encaixa na perfeição nessa definição:
Queta é um jogador que tem mostrado flashes interessantes há bastante tempo, mas que nunca teve minutos suficientes para cimentar esse impacto. Penso que é alguém que vai beneficiar muito por ter, finalmente, garantidos cerca de 20 minutos por jogo. Quando se sentir mais confortável — sabendo que não vai ser retirado de campo a cada falta cometida —, as suas qualidades vão sobressair de forma mais evidente.
Na verdade, podia ter escolhido praticamente qualquer poste dos Celtics para este exercício. Mas, para mim, Queta é o que mais merece esta oportunidade: tem tamanho legítimo de poste da NBA, é quase sempre o jogador mais alto em campo e sabe usar isso. Faz bloqueios enormes, é um excelente ressaltador ofensivo e tem mãos razoavelmente seguras para alguém da sua estatura. Não é um “ponto forte” principal, mas também não está num contexto onde vá receber passes difíceis ou inesperados — em Boston, quando a bola lhe chegar, será no sítio certo para rodar e finalizar.
Não acho que vá surgir um salto gigantesco no leque de habilidades, mas sim que vai ter, pela primeira vez, uma sequência consistente de jogos e minutos que lhe permita jogar sempre com intensidade — algo que ele faz bem. Melhorou ao longo do tempo a tendência para fazer faltas, que sempre foi um dos seus grandes problemas. Ainda está a aprender a diferença entre ser um bloqueador de lançamentos e um verdadeiro protetor do cesto, mas os Celtics estão a ajudá-lo a evoluir nesse sentido. Por isso, estou esperançado: Queta só precisa de ter 20 jogos com 20 minutos para assentar o seu jogo. A escassez de outras opções interiores também lhe abre espaço.
Alguém vai ter de somar estatísticas de poste, porque todos os anos há uma certa quantidade de pontos e ressaltos que “pertencem” à posição. E acho que ele é o mais merecedor desses números no plantel dos Celtics neste momento. Não estou particularmente optimista em relação à época de Boston, mas é possível que superem as expectativas numa Conferência Este relativamente fraca. Se isso acontecer, pode ser porque Queta se revelou surpreendentemente competente num papel de titular.
A análise de Shearer cruza-se com a leitura de muitos observadores: no contexto atual dos Celtics, Neemias tem a oportunidade de assumir um papel central, somando a rodagem que lhe faltou nas primeiras temporadas na liga.
🇵🇹 Philippe da Silva: “Quero fazer a minha parte para que Portugal seja bem representado”
O treinador português Philipe da Silva vive um verão de mudança: depois de uma época intensa no Nanterre, chega ao Saint-Quentin determinado a construir uma equipa à sua imagem. Em entrevista exclusiva à FPB, fala sobre a troca inédita de treinadores em França, o regresso de Portugal ao EuroBasket, o orgulho de ver o filho Anthony na Seleção Nacional, a ligação a Victor Wembanyama e a evolução de Neemias Queta nos Boston Celtics.
“No Saint‑Quentin fui eu que construí a equipa à minha imagem. Se falhar, falho eu. Assumi plenamente a escolha dos jogadores e dos adjuntos que me acompanham. Um treinador comete erros — como jogador também cometi muitos por ser jovem. Mas, no final da época, apesar do balanço positivo, houve momentos em que errei. E é isso que quero evitar repetir.”
“Estávamos a trabalhar movimentos de poste — jogo interior — e ele (Victor Wembanyama) aproximou‑se e perguntou: «Philippe, podemos treinar movimentos de base?» Respondi que sim. E ele disse, com toda a naturalidade: «Quero jogar nas cinco posições. A primeira letra do meu nome é um V. Em números romanos, o V é cinco. E quero jogar nas cinco posições».”
“Vi o Neemias ao vivo e fiquei muito impressionado com a evolução dele. Fez uma época ainda melhor do que a anterior. Defensivamente, é incrível: tapa buracos, é móvel, tem uma envergadura impressionante. E, sobretudo, entrega-se. O Neemias é um trabalhador incansável. Tem esse carácter de dar tudo pelos outros, pela equipa. Com a saída de três interiores em Boston, acho que será uma aposta muito forte. E ele merece. Porque na NBA nada é dado, ainda mais numa equipa como os Celtics. Nós, portugueses, devemos estar orgulhosos do percurso dele.”
“Estou muito orgulhoso desta geração. O Anthony juntou‑se no verão passado, mas o grupo já era sólido: Neemias, Rafael Lisboa, Diogo Brito, Miguel Queiroz, Diogo Ventura… Todos fizeram sacrifícios, trabalharam muito e superaram dificuldades. Lembram-me a minha geração: companheirismo, carácter, resiliência. E agora escreveram mais uma página da história: Portugal está de volta ao EuroBasket, 14 anos depois. Que desfrutem. E, claro, ver o Anthony envolvido tem um sabor especial.”
De olhos postos na nova época em França, Philippe da Silva carrega a ambição de continuar a crescer como treinador. O técnico mantém um objetivo claro: abrir caminho para mais portugueses no basquetebol internacional e deixar a sua marca onde quer que treine.
⛹🏾 Miguel Sousa no cinco ideal do Europeu Sub16
Com apenas três anos de basquetebol organizado, Miguel Sousa foi uma das grandes figuras do Campeonato da Europa de Sub16 – Divisão B, em Skopje, ao ser eleito para o cinco ideal do torneio.
O poste português, de 16 anos e 2,03 metros, formado no Clube Atlético de Queluz (2022-24) e atualmente nos escalões de formação do Valencia Basket, terminou a competição com médias de 10.7 pontos, 10.6 ressaltos e 3.4 desarmes de lançamento, sendo o melhor protetor de cesto da prova. No jogo do 3.º lugar, frente à Chéquia, voltou a destacar-se defensivamente com oito abafos, apesar da derrota (67-85) que deixou Portugal fora da promoção à Divisão A.
Presença dominante nas tabelas, Miguel Sousa registou quatro jogos seguidos com duplos dígitos em ressaltos e superou as duas dezenas de eficiência em três ocasiões. A solidez ofensiva e a capacidade de intimidação defensiva confirmam-no como um dos talentos mais promissores da sua geração, com margem para crescer num dos contextos de formação mais exigentes da Europa.
📚 Mesa de cabeceira
Outras sugestões:
📝 When Knicks fans are banned from Madison Square Garden, is there any coming back? - Devin Gordon (ESPN)
📼 Why NBA Stars Hate Playing Against Toumani Camara - Mike Jagacki
📼 Scouting Miles — Official Trailer | The Grind of an Independent NBA Scout - Rafael Barlowe (NBA Draft Junkies)
🧮 Sopa de números
📱 Post da semana
☕ Conversa de café
No último episódio do podcast Bola ao Ar, o top-8 de melhores jogadores com menos de 25 anos da NBA, a renovação de Joe Mazzulla pelos Boston Celtics e o calendário de início de época (e do Natal).
E na primeira edição da semana, os melhores bigs da NBA e a renovação de Luka Dončić pelos Los Angeles Lakers.