🏀 “Destino: Riga” – Últimos testes em casa
A menos de duas semanas do arranque da competição, os "Linces" recebem Islândia e Suécia no Torneio Internacional de Braga, com Neemias Queta de regresso aos treinos.
“Destino: Riga” é o diário de bordo da seleção portuguesa rumo ao EuroBasket 2025: treinos, decisões, jogos de preparação e muito mais, sempre com olhos atentos ao que se passa nas outras seleções. No final de cada edição, telegramas curtos com os principais destaques da atualidade. A missão é clara: contar tudo sobre o EuroBasket 2025.
⭐ Neemias Queta de volta e pronto para Braga
Recuperado da lesão na anca sofrida frente à equipa B de Espanha, que o afastou do jogo contra a Argentina, Neemias Queta voltou a integrar os trabalhos da Seleção Nacional. Esta quarta-feira treinou de manhã e foi poupado no apronto da tarde, mas estará disponível para o Torneio Internacional de Braga, onde Portugal vai defrontar Islândia e Suécia em noites consecutivas.
O poste de 2,13 metros deverá participar apenas numa das partidas ou, em alternativa, ver o seu esforço doseado pela equipa técnica nacional, com minutos limitados que lhe permitam estar presente em ambos os jogos. A decisão não está relacionada com a recente mazela na anca, mas sim com o plano de recuperação definido pela equipa médica dos Boston Celtics, que, após a artroscopia ao joelho esquerdo realizada em maio, prevê evitar cargas intensas em dias seguidos.
Também Cândido Sá foi reintegrado nos treinos, depois de ter falhado o jogo com a Argentina devido a dores num pé. Já o base Anthony da Silva (contusão óssea no pé direito) continua entregue ao departamento clínico e será reavaliado na próxima segunda-feira.
No final da sessão vespertina desta quarta-feira, num treino aberto à comunicação social, Neemias falou com os jornalistas sobre a forma física, o momento da equipa e o significado desta presença no EuroBasket:
“Sinto-me bem. A forma como temos trabalhado, tanto em campo como no ginásio, dá-me confiança. Tenho-me preparado para estar a 100% quando chegar o Europeu. Ainda estamos em modo de preparação, mas temos feito um bom trabalho nos últimos dias. Desde o início do estágio — mesmo quando ainda não estava presente — senti a equipa bem. Já jogamos juntos há muitos anos e conhecemo-nos bem dentro de campo. Agora é apenas uma questão de afinar detalhes para estarmos no melhor nível quando chegar o Europeu.”
“Estar tanto tempo sem ir (a uma grande competição) cria uma expectativa e uma ansiedade maiores para quando chegarem os jogos, mas também reforça a certeza no nosso trabalho. Temos vindo a trabalhar há muito tempo, com suor e dedicação, e acredito que podemos fazer um bom Europeu. Isso dá-nos ainda mais ambição para colocar Portugal no mapa.”
“Portugal não é um país muito conhecido pelo basquetebol, mas a soma dos bons resultados recentes, tanto no masculino como no feminino, faz com que mais pessoas acompanhem a modalidade. A minha chegada à NBA também ajudou, embora os horários — com jogos às duas ou três da manhã — dificultem o acompanhamento. Agora, com a Seleção a jogar a horas mais acessíveis e a ser competitiva, é uma boa promoção para o desporto em Portugal. Temos de aproveitar este momento para capitalizar.”
🎯 Miguel Queiroz aponta à segunda fase
Com 13 anos consecutivos de Seleção Nacional, Miguel Queiroz é um dos líderes naturais do grupo e um dos rostos da ligação entre passado e presente do basquetebol português. Depois da primeira fase do estágio em Espanha, o capitão sublinha a importância de regressar a casa para sentir o apoio do público e ganhar energia para as batalhas que aí vêm no EuroBasket.
À entrada para o Torneio Internacional de Braga, o extremo-poste do FC Porto recorda o caminho feito até aqui, o significado de finalmente disputar a maior competição europeia e o objetivo traçado desde o início: passar a fase de grupos, apesar da dureza do calendário.
“É um bom momento. Finalmente vamos ter jogos em casa, perante o nosso público, sentir o calor e a motivação que nos podem dar para a caminhada que esperamos que seja muito boa no EuroBasket. A equipa está muito motivada. Uma vitória e duas derrotas até agora, mas estamos focados no processo, não nos resultados. Sabemos onde queremos estar e quando queremos estar na melhor forma: a 27 de agosto, em Riga. É acreditar no processo. O trabalho está a ser feito todos os dias. Estamos a começar a quarta semana, as pernas começam a soltar-se e a equipa está a ficar bem fisicamente e muito motivada mentalmente.”
“Em 2011 estava a iniciar a carreira sénior. É muito bonito poder jogar este EuroBasket. Estou há 13 anos seguidos na Seleção e era sempre um objetivo muito claro: participar no EuroBasket. Sabia que era complicado e batalhei muitos anos para conseguir voltar a levar Portugal a esta competição, ouvir o nosso hino no patamar mais alto do basquetebol europeu. Felizmente conseguimos, e estou muito contente.”
“O nosso objetivo é claro: passar a fase de grupos. É muito complicado, porque temos três das seis melhores seleções da Europa no nosso grupo. Mas sabemos que podemos competir. Ainda agora ganhámos à Espanha pela primeira vez na história. Foi um jogo-treino, mas prova que é possível. Não nos tira os pés do chão: sabemos que temos de estar sempre no nosso melhor para competir com estas equipas. Num dia menos bom, é impossível; mas num dia bom, podemos competir, e acreditamos que vamos ter cinco dias muito bons na fase de grupos para conseguir passar.”
🗣️ Mário Gomes: “Ganhar é o último passo”
O selecionador nacional Mário Gomes mantém o foco no que considera ser o verdadeiro combustível para o sucesso: enfrentar adversários mais fortes, treinar com intensidade e afinar processos para que a equipa esteja no ponto certo no arranque do EuroBasket. Islândia e Suécia, os adversários da equipa das quinas em Braga, estão acima de Portugal no ranking mundial da FIBA, mas é precisamente esse tipo de desafio que o técnico quer para preparar o grupo.
Gomes abordou ainda a gestão de minutos de Neemias no torneio e reforçou que o plano e o objetivo estão inalterados desde fevereiro: chegar à segunda fase da competição.
“Procuramos, sempre que possível, jogar contra equipas teoricamente mais fortes do que nós, porque é a única maneira de evoluir. Tivemos alguns problemas no ataque, especialmente no jogo contra a Argentina, mas isso é normal até certo ponto. A terceira semana de trabalho é sempre difícil, devido à sobrecarga das duas primeiras, e raramente temos tido toda a gente junta para treinar. O Miguel Queiroz, por exemplo, esteve um mês a trabalhar condicionado e o Neemias tinha feito apenas dois treinos com a equipa. Há coisas pensadas para ele que não saem da mesma forma quando não está em campo. Temos duas semanas para melhorar. Do ponto de vista tático, vamos melhorar de certeza absoluta.”
“Quer a Islândia, quer a Suécia, estão à nossa frente no ranking. São equipas a quem já ganhámos, mas contra quem também perdemos mais vezes do que vencemos. Vão ser dois jogos que nos vão criar problemas e é disso que precisamos. Costumo dizer aos jogadores: normalmente pensa-se em ganhar, mas ganhar é só o último passo. Primeiro tem de se treinar bem para se poder competir bem; e se conseguimos competir bem, podemos ganhar. O que controlamos é o que estamos a fazer agora. Depois, a competição põe-nos no nosso lugar. Quanto mais forte o adversário, melhor. Depois vamos à luta.”
“O Neemias, em princípio, só jogará um dos dois jogos — ainda não decidimos qual — por uma questão protocolar com o clube dele. Não está autorizado a fazer dois jogos em dois dias seguidos. Para o Europeu não há qualquer limitação no tempo de utilização do Neemias. Mesmo que houvesse, não ia ligar nenhuma a isso. Ali é tudo ou nada.”
“As expectativas são as mesmas desde fevereiro, quando definimos o nosso objetivo: passar a fase de grupos. Sabemos que é muito difícil, porque implica ganhar jogos e o nosso grupo é complicado. Os jogos em Espanha mostraram que temos capacidade para competir. Agora, atingir ou não o objetivo será a competição a decidir. Umas vezes atinge-se, outras não, mas quando não temos objetivos claros nunca chegamos a lado nenhum.”
O Torneio Internacional de Braga será o último teste competitivo da Seleção Nacional em solo português antes da partida para a Letónia, onde disputará a fase de grupos do EuroBasket. Islândia e Suécia — respetivamente 26.ª e 25.ª no ranking europeu da FIBA — chegam ao Minho com plantéis experientes e objetivos próprios para a competição continental.
O torneio abre esta quinta-feira, com o confronto entre islandeses e suecos (20h30, Fórum Braga). Portugal entra em ação na sexta-feira frente à Islândia (20h30) e fecha no sábado contra a Suécia (18 horas). Depois de Braga, a equipa orientada por Mário Gomes realiza o último ensaio no dia 21 de agosto, frente ao Sporting CP, no Multiusos de Sines, antes da viagem para Riga.
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