What’s my age again: A importância da idade para o sucesso nos playoffs
Estava eu a refletir sobre o que tem acontecido nestes playoffs até agora – enquanto me deleitava com o prazer nostálgico do punk rock que dominou os meus ouvidos durante a minha formação musical na adolescência – quando me deparei com um dado curioso: à data da escrita deste artigo – a 3 de maio, antes dos jogos de sexta à noite começarem –, dos oito duelos da primeira ronda, seis foram ganhos ou estão a ser ganhos pela equipa com a média de idades mais jovem.
Ora vejamos. Os Pacers, com uma média de 25,7 anos, derrotaram os veteranos Bucks, com 29,3. Também os Knicks (27,1 de média) derrotaram os Sixers (28,6). Equipas como os Thunder (25,0) e os Timberwolves (26,2) venceram os seus confrontos com vassouradas em que a sua vantagem atlética e velocidade de execução ficaram evidentes. Mesmo equipas com um pouco mais de presença de veteranos, como os Celtics (26,7) ou os Mavericks (26,7 também), venceram – ou estão a vencer – adversários manifestamente mais velhos. Restam as duas exceções: os Lakers (26,6), apenas marginalmente mais novos que os Nuggets (26,9) mas liderados pelo jogador mais velho da liga, e os Orlando Magic (24,3), que estão a perder contra os Cavaliers (27,1), mas ainda vão a tempo de dar uma alegria a este que vos escreve.
Inspirado por estes dados curiosos e imbuído pelo espírito rebelde de três gajos a correrem nus em público no vídeo musical que inspirou o título deste artigo, decidi tentar perceber o que tem motivado esta ascensão da juventude nos playoffs deste ano.
Comecemos pelo óbvio. A popularidade crescente da NBA – não apenas nos EUA, mas também um pouco por todo o mundo – tem levado a injeções consideráveis de talento nos últimos anos. E essa avalanche de novos jogadores teria de, mais cedo ou mais tarde, começar a receber o testemunho dos veteranos que os precederam. Ou a arrancá-lo à força, se necessário. Com trash talk pelo meio, ao bom estilo do Anthony Edwards.
Mas questiono-me também se a resposta não poderá estar na evolução das táticas da NBA. Com a crescente complexidade dos esquemas e a omnipresença de considerações analíticas no modo como se orienta uma equipa em campo, seria de esperar que isto privilegiasse os veteranos, armados com mais saber acumulado. Mas tenho uma opinião diferente.
Primeiro, estes novos jogadores entram na liga já com esse “chip” ligado, sem terem de mudar muito dos seus hábitos para ir ao encontro das indicações dos analistas estatísticos. Em segundo lugar, muitas das inovações estratégicas focam-se em tornar o jogo mais veloz, com decisões mais rápidas. Mesmo considerando a relativa desaceleração que tende a acontecer nos playoffs, temos visto jogos rápidos, com ataques velozes ao cesto, triplos em transição e um jogo mais “aéreo”. Isto favorece claramente o ataque dos jogadores mais atléticos e explosivos. Será interessante ver se esta tendência continua, à medida que a pressão for aumentando, ronda a ronda.
Não quero terminar sem ressalvar que, claro está, muitos dos maiores casos de sucesso deste ano têm tido também um forte contributo de veteranos. Sim, é verdade que os Thunder têm estado incríveis com uma equipa absurdamente jovem e com muito pouca liderança veterana, mas são a exceção. Os Timberwolves estão a ser liderados por um Edwards ainda muito jovem, mas com enorme apoio de Rudy Gobert e Mike Conley. E embora os Boston Celtics tenham vários jogadores relativamente jovens em posições de liderança, não deixam de ser “jovens” com uma experiência fora do normal em grandes momentos de playoffs.
Ainda assim, tem sido um bálsamo ver esta nova geração crescer à frente dos nossos olhos. Jogadores como Anthony Edwards, Luka Dončić, Tyrese Maxey ou Paolo Banchero a brilharem ao mais alto nível de competição e pressão. Novos talentos em ascensão, com a cabeça livre de considerações de legado e os olhos continuamente focados no futuro.
Nobody likes you when you’re 23
And you still act like you’re in freshman year
Embora, sim, seja irritante ver pessoas cheias de energia e que não guincham sempre que se levantam de uma cadeira. Essa canalha.