Portugal com 20 atletas na Division I da NCAA em 2025-26
Época arranca esta segunda-feira com Clara Silva (TCU) e Rúben Prey (St. John’s) a liderar um contingente que reúne continuidades, estreias e várias transferências.
Portugal entra em 2025-26 com 20 atletas na Division I da NCAA — 17 raparigas e três rapazes — e dois nomes no centro das atenções: Clara Silva, agora em TCU, e Rúben Prey, que prossegue em St. John’s. O retrato do contingente português combina um núcleo estável que conhece rotinas e contextos competitivos com um bloco relevante de transferências, ao mesmo tempo que surgem estreias em palcos exigentes. A nova época da NCAA arranca esta segunda-feira, 3 de novembro, e o total de atletas portugueses representa uma ligeira descida face a 2024-25 (de 21 para 20), mas mantém a presença lusa em patamares elevados e com visibilidade reforçada, tanto pela dimensão dos programas envolvidos como pelo destaque de TCU e St. John’s nas projeções de pré-época.
Face à última temporada, há saídas e mudanças a registar. Inês Vieira concluiu a carreira universitária em Utah e segue nas espanholas do Iraurgi; Sara Barata Guerreiro fechou ciclo em Cleveland State e atua nas alemãs do Marburg; Leonor Paisana terminou em Winthrop e continua em recuperação da lesão grave sofrida no senior year. Maria Andorinho deixou a NCAA após uma época e regressou a Portugal para reforçar o Esgueira; Diogo Seixas interrompeu o percurso universitário e está nos espanhóis do Ourense, onde é colega de Rafael Lisboa; Iago Stanback abandonou Missouri State e ainda não tem destino conhecido; e Daniel Vieira-Tuck, inicialmente apontado a redshirt em Memphis por questões académicas, saiu do programa e optou por competir na NAIA, ao serviço de Texas A&M–Texarkana.
Olhos em Clara Silva e Rúben Prey
TCU entra na nova temporada com rótulo de candidata na Big 12 e com reforços de transfer portal que ligam talento e necessidade: a liderança de Olivia Miles, a versatilidade de Marta Suárez e um frontcourt onde surge Clara Silva. A interior portuguesa já aparece no radar norte-americano e aterra num programa que vem de títulos de época regular e torneio da Big 12, e presença no Elite Eight, agora reconfigurado pelo treinador Mark Campbell para repetir ambição com peças novas e um plano ofensivo que pode favorecer a sua estatura e mobilidade.
Em entrevista ao zerozero, publicada este domingo, Clara Silva falou das expectativas para o recomeço em TCU depois da frustração em Kentucky, da influência da agente Ticha Penicheiro e do brilharete no Mundial de Sub19:
“O que me levou a escolher TCU? Ver o que o coach Mark (Campbell) fez aqui. Quando chegou, a equipa estava em último da conferência e, em dois anos, transformou o programa por completo. Agora estamos previstas para acabar em primeiro lugar..”
“A Ticha nunca me diz o que fazer; apenas dá a sua opinião. É honesta e ajudou-me imenso. Disse-lhe o que queria numa equipa, o que procurava nos treinadores, e ela ajudou-me a encontrar o sítio perfeito para mim. Posso falar com ela sobre qualquer coisa, ligar a qualquer hora. Sei que vai atender e responder.”
“O Mundial Sub19 foi a melhor experiência da minha vida. Basquetebolística, pessoal, tudo. (…) Eu adoro jogar para o coach Agostinho (Pinto). Acho que nos torna mais fortes psicologicamente.“
No masculino, o contexto competitivo de Rúben Prey ganha relevo adicional pelo enquadramento de St. John’s: os Red Storm surgem em tiers altos de projeções nacionais, com rótulos de candidato a 30 vitórias, presença em Final Four como cenário possível e um duelo de treinadores que continuará a marcar a Big East — Rick Pitino versus Dan Hurley — com repercussão nacional. Para Prey, isso traduz-se em jogos grandes, visibilidade constante e exigência diária, num programa que quer transformar as projeções em resultados de março.
Continuidades, estreias e transferências
No grupo das continuidades mantêm-se nas mesmas universidades Ana Barreto e Magda Freire (Queens University of Charlotte), Ana Pinheiro (Idaho), Ema Karim (Hofstra), Filipa Barros (California Baptist), Gabriela Falcão (Albany), Inês Bettencourt (Gonzaga), Joana Magalhães (New Mexico) e Rúben Prey (St. John’s). É um bloco que sustenta minutos e responsabilidade em contextos diversos, do mid-major ao topo competitivo, e que chega à nova época com margens de crescimento ajustadas ao papel de cada um na rotação das respetivas equipas.
Para além de Barreto e Freire em Queens, também Albuquerque e West Long Branch reúnem “duplas” portuguesas do feminino. Em New Mexico, Joana Magalhães representa a continuidade e Leonor Peixinho a estreia. Em Monmouth, o cenário é semelhante mas com origem distinta: Fatumata Djaló chega via transfer portal e Madalena Amaro estreia-se na D-I.
Ainda nas entradas, além de Leonor Peixinho (New Mexico) e Madalena Amaro (Monmouth), destaca-se Denise Neves (Xavier), que viaja diretamente de Portugal, Rita Gomes (Milwaukee), que passou as últimas duas épocas na NJCAA, e Pedro Santos (UT Martin), que deixa o estatuto de redshirt para competir. São cinco estreias que acrescentam profundidade e alternativas em conferências diferentes, com potencial para minutos desde o primeiro mês.
As transferências redesenham vários percursos. Clara Silva trocou Kentucky por TCU; Fatumata Djaló mudou de Ole Miss para Monmouth; Maria Dias passou de Idaho State para Cal State Bakersfield; Rita Nazário saiu de Saint Louis para Cal State Northridge; e Andrea Chiquemba regressa à D-I em Bellarmine depois de passagens por Detroit Mercy e Eastern Florida State College, tendo estado mais de um ano afastada por lesão — em março de 2024 sofreu rotura total do LCA e roturas parciais do menisco, da cartilagem e do LCM. No masculino, Stanley Borden transferiu-se de Duke para a UTSA com o objetivo de somar utilização regular.
A lista completa de portugueses na D-I é a seguinte: Ana Barreto e Magda Freire (Queens University of Charlotte), Ana Pinheiro (Idaho), Andrea Chiquemba (Bellarmine), Clara Silva (TCU), Denise Neves (Xavier), Ema Karim (Hofstra), Fatumata Djaló e Madalena Amaro (Monmouth), Filipa Barros (California Baptist), Gabriela Falcão (Albany), Inês Bettencourt (Gonzaga), Joana Magalhães e Leonor Peixinho (New Mexico), Maria Dias (Cal State Bakersfield), Rita Gomes (Milwaukee), Rita Nazário (Cal State Northridge); Pedro Santos (UT Martin), Rúben Prey (St. John’s) e Stanley Borden (UTSA). Entre continuidades, estreias e recomeços, 2025-26 perfila-se como mais uma temporada de afirmação coletiva do basquetebol português na NCAA.




