Está feito. Passou a correr, não foi? Os Golden State Warriors levaram para casa o Larry O’Brien, o draft também já lá vai e agora? O que fica? Se forem um bocadinho malucos - e eu sei que são - estarão já a calcular quantas horas de sono cabem entre jogos da Summer League ou com as notificações do Woj e de Shams prontas para o início da free agency. Mais do que isso, ficam pormenores que podemos levar para o próximo ano. Detalhes que podem fazer a diferença no que veremos na próxima época. Por isso, compilei sete situações a ter em conta, olhando para o que vimos nesta que agora findou.
O bloqueio direto Fox-Sabonis
Mike Brown tem grandes esperanças para o duo Fox-Sabonis. Embora as declarações do novo treinador dos Kings sejam exageradas, é uma bela dupla. A velocidade, a pressão no cesto e a melhor pontaria exterior aumentam as possibilidades para Fox, a quem juntaram um poste que sabe o que fazer. Sabonis é inteligente, físico e um excelente finalizador. Não sei se chegam já aos playoffs, mas caminham nessa direção.
A dupla Quickley-Barrett
Compreende-se a tentação de construir tudo à volta de Julius Randle depois de uma época atípica, mas não foi a melhor ideia dos Knicks. O que ainda deu esperança aos adeptos nova-iorquinos foi a armada jovem que Thibodeau teima em não usar. Os que usou, corresponderam. Barrett começa a afirmar-se como primeira opção ofensiva e Quickley tem tudo para ser excelente fora da bola, com algumas responsabilidades com bola. Chegou a altura de lhes dar as chaves, colocando Quickley no 5 inicial e percebendo quão bem podem coexistir. Os sinais da época passada foram encorajadores.
O “novo” parceiro de Damian Lillard
Não, não é Jerami Grant. Com a saída de CJ McCollum para New Orleans, os Blazers desfizeram um backcourt de vários anos. No que restou da época, alguém deu um salto: Anfernee Simons. Mostrou-se arma ofensiva de topo, capaz de criar o próprio lançamento e de jogar fora da bola. Embora parecido com Lillard, é demasiado talentoso para não resultar. Vai ser interessante ver como os Blazers fecham o plantel nesta época que chega, mas os lugares de base têm qualidade a rodos.
O bloqueio direto Cade-Bagley
Apareceu a espaços, mas é uma opção útil em certos momentos. Os Pistons adicionaram Ivey e Duren, perfis diferentes de Cade e Bagley, e serão uma equipa a seguir no próximo ano. É muito talento junto. Voltando à dupla: Cade é obviamente a primeira opção com bola, e tudo depende de Detroit saber usá-lo. Em lineups mais móveis, Bagley oferece um pick-and-roll interessante, vai buscar lobs, lê bem o espaço e percebe quando arrancar para o cesto. Com o conhecimento de jogo de Cunningham, esta dupla pode começar a causar estragos.
Anthony Edwards, ator principal
Não foi, mas foi. E não, não estou a falar do filme Hustle. Anthony Edwards está pronto para ser a arma ofensiva dos Wolves com bola, mesmo que muito do jogo continue a passar por Towns. Ainda bem, porque Edwards também rende fora da bola. Fica difícil fugir ao à-vontade com bola, à explosividade, à mentalidade alfa e ao lançamento melhorado. Mais oportunidades com bola para Edwards, é o que Minnesota precisa. E isso pode até tornar D’Angelo Russell dispensável.
A luta pelo MVP
A voter fatigue é real na NBA e não vejo Jokić a conseguir o terceiro troféu consecutivo. Portanto, o vencedor mudará para o ano. De entre as opções, não consigo imaginar um mundo em que o prémio não se mantenha fora dos Estados Unidos.
Embiid parte como favorito: pelo que fez, por não ter ganho apesar disso e pela diferença nos Sixers quando não joga. O poste de Philadelphia é um dos mais dominantes da liga, nos dois lados, e começa a merecer a distinção.
O percurso dos Mavericks teve muito de Luka Dončić, que insiste em arrancar tarde. Se começar forte, o seu estilo de bola na mão, a ditar o ritmo de cada jogo, coloca-o em boa posição para atacar o MVP desde cedo e dar continuidade a uma época positiva com Jason Kidd.
Experiente nestas andanças, é impossível ignorar Giannis Antetokounmpo. Um campeão cuja equipa fraquejou nos playoffs, Giannis voltará com nova força. Pelo tipo de dominância, é de esperar que se intrometa na luta. Jogadores como ele não se ficam por 2 MVPs.
O melhor defensor da liga
A escolha de Marcus Smart não foi consensual. Salvo volte-face, a minha aposta é no regresso do troféu a um interior.
A âncora defensiva dos Heat ficou a um lançamento da final. Bam defende de 1 a 5, reduz mismatches e assume a responsabilidade de criar problemas aos adversários. Depois de uma época ao nível de “defensor do ano”, apenas manchada pela lesão, Adebayo é favorito em 2022/23.
Para muitos, o verdadeiro melhor defensor dos Celtics. Robert Williams é imperial no esquema de Ime Udoka: protetor de cesto que cobre espaço e força soluções de recurso. Se Boston continuar com a melhor defesa da liga, há grande possibilidade de o troféu ficar em Boston.
Apesar de finais abaixo do potencial, bastaram três jogos ao nível defensivo a que nos habituou para mudar os Warriors. A forma como Draymond Green coordena os outros nove em campo do lado defensivo é geracional. Numa época em que faça mais jogos do que em 2021/22, será sempre candidato a defensor do ano.
Muito vai mudar no verão, mas estas são as previsões do que é traduzível para a nova temporada. Entretanto, estaremos aí. Uma última nota, agora que a época terminou, para vos agradecer por estarem desse lado e por se juntarem a nós, coletivo do Borracha Laranja, num dos melhores projetos basquetebolísticos que o país já viu. Obrigado a todos vocês e continuaremos a trabalhar, certamente!