🏀 O ano de Neemias Queta em revista
2022 foi um bom ano para Neemias Queta. O poste português estreou-se pela Seleção Nacional, assinou novo contrato 'two-way' com os Sacramento Kings e tem brilhado na G League.
👑 Quetalândia: Contradições de Mike Brown
Depois de, como partilhámos na última newsletter, Mike Brown ter elogiado Neemias Queta após a boa exibição frente aos Los Angeles Lakers, o treinador dos Sacramento Kings foi mais longe e afirmou, na véspera de Natal, que o português teria solidificado o seu estatuto de suplente do lituano Domantas Sabonis.
Aquilo que parecia uma prenda de Natal antecipada para o luso veio a revelar-se um amargo de boca. No jogo frente aos Washington Wizards, Neemias teve direito a meros 4 minutos, sem que pudesse ter oportunidade de impactar esse jogo e, entretanto, não voltou a ser utilizado nos três jogos seguintes, com Denver Nuggets (2x) e Utah Jazz, mesmo com a lesão na mão direita de Sabonis e que obrigou o lituano a falhar o primeiro dos dois duelos com a equipa de Nikola Jokić.
À boleia da garantia de ser, pelo menos no curto prazo, o poste suplente de Sabonis, Neemias mostrou-se entusiasmado perante a possibilidade de defrontar “um dos melhores jogadores da história do jogo” e disse estar preparado para o desafio.
No entanto, foi o ucraniano Alex Len, ainda a recuperar de doença que o fez perder cerca de 5kg na última semana, o escolhido para entrar diretamente no cinco inicial dos Kings, após oito partidas sem jogar e apenas 25 minutos totais nos 32 encontros da temporada até esse dia.
Após afirmar que Richaun Holmes, Chimezie Metu e Alex Len não lhe davam garantias de qualidade para os 12 a 16 minutos de descanso que Sabonis precisa em todos os jogos, numa declaração que revela uma gestão de balneário no mínimo questionável, Mike Brown provou também, com as suas escolhas e ações subsequentes, que a equipa técnica ainda não confia o suficiente em Neemias, num ano em que os Kings não podem falhar o objetivo dos playoffs.
Brown tem escolhido atletas com mais anos de liga, mesmo que sejam esses que, nas suas palavras, não têm capacidade para desempenhar o papel pretendido. E se era totalmente desnecessário ter assegurado que Queta solidificara o estatuto de suplente de Sabonis já que a intenção não passava, de facto, por manter o português na rotação interior, o maior erro é impedir o internacional luso de continuar a desenvolver-se nos Stockton Kings, na G League, cuja fase regular arrancou esta semana.
É que na liga de desenvolvimento da NBA, de acordo com o especialista da ESPN em analytics Kevin Pelton, Neemias Queta é um jogador de topo.
📸 2022 fica no álbum de recordações de Neemias
Há um ano, escrevemos que 2022 seria o ano de Neemias Queta e, de facto, os últimos 12 meses deixaram muitos momentos gravados na memória do primeiro português a jogar na NBA.
Em janeiro, viu o seu primeiro contrato two-way a ficar garantido até ao final da época 2021-22, participou em oito jogos da equipa principal dos Sacramento Kings e foi o 3.º rookie com mais votos (88.534) em toda a NBA para o jogo All-Star, apenas atrás de Evan Mobley e Scottie Barnes, numa prova da sua popularidade e do carinho que os portugueses fizeram questão de dar ao atleta, por ter colocado o nome de Portugal no mapa da melhor liga do mundo.
Fevereiro levou Domantas Sabonis para Sacramento, na troca que fez de Tyrese Haliburton reforço dos Indiana Pacers. Sem espaço, Neemias devia ter seguido para a G League, para se desenvolver, mas o português acabou por passar muito tempo na “piscina dos grandes”, sem jogar, por causa de colegas afetados por lesões, COVID-19 e os problemas pessoais de Richaun Holmes.
O final da fase regular de 2021-22, já em abril, deu-nos um vislumbre de Neemias com a equipa principal dos Kings e o português mostrou qualidades, incluindo o desarme de lançamento que ficou na retina dos fãs de NBA e deixou Terance Mann estendido no chão.
Depois das férias em Portugal, Queta voltou aos EUA para treinar e, em julho, assinou novo contrato two-way com os Kings e iniciou a participação nas competicões de pré-temporada, como o California Classic e a Summer League, já ao lado do novo rookie da equipa, Keegan Murray. Foi aí que Neemias se tornou conhecido no planeta NBA pela expressão “You don’t know me, bruh!” que atirou à 1.ª escolha do draft, Paolo Banchero.
Agosto levou Neemias a Espanha, para treinar com grandes estrelas da NBA no projecto “The Sanctuary”, e confirmou a disponibilidade para a estreia pela Seleção Nacional sénior. Os jogos de quinas ao peito foram um dos momentos mais brilhantes de 2022 para o gigante de 2,13 metros.
Já no último terço do ano, e com Mike Brown confirmado como sucessor de Alvin Gentry, os “renovados” Kings reabriram as portas e cedo se percebeu que a época de Neemias deveria passar pelo desenvolvimento na G League, ao serviço dos Stockton Kings.
Foi neste final de ano civil que surgiu a melhor exibição da carreira do português e logo frente a James Wiseman, entre várias exibições consistentes na Showcase Cup da G League e que culminou com a recente chamada à equipa principal, para além dos elogios da imprensa norte-americana.
2022 foi um ano para mais tarde recordar e Neemias Queta ainda está no início da sua carreira profissional e a arranhar a superfície do seu potencial. Que 2023 traga mais oportunidades para o menino do Vale da Amoreira mostrar que Portugal merece estar na elite do basquetebol mundial.
⭐ A história improvável de Inês Bettencourt
Rachel Galligan, antiga jogadora e treinadora e agora analista de WNBA e NCAA, falou-nos da incrível jornada de Inês Bettencourt desde Portugal até UConn: o que significa ser recrutada pela universidade de Connecticut e ser treinada pelo lendário Geno Auriemma, qual o impacto que a base lusa terá na forma como os treinadores da NCAA olham para o basquetebol português e muito mais.
🇵🇹 Beatriz Jordão diz adeus ao basquetebol
Depois de vários anos a lutar contra uma lesão crónica numa perna, Beatriz Jordão anunciou a retirada do basquetebol por motivos clínicos. Num post feito nas redes sociais, a internacional portuguesa de 23 anos explicou a decisão de deixar de jogar e afirmou que chegou a altura de pensar no seu bem-estar.
"Bea has made the difficult decision to end her basketball career. She and our medical staff did all they could to get her back on the court, but it was obvious in the interest of Bea's long-term health that she does not attempt to play anymore. Bea has been a huge part of the Cyclone Women's Basketball family, and that will not change, as she has always been a team-first person." - Bill Fennelly (treinador da universidade de Iowa State)
Ainda na NCAA, Filipa Barros foi eleita Freshman of the Week da conferência Western Athletic, na Division 1. A base portuguesa fecha o ano de 2022 em bom plano, na época de estreia no basquetebol universitário dos EUA.
Em Espanha, Maria João Bettencourt brilhou na vitória do Jairis sobre o Barcelona por 82-71, em partida a contar para a LF Endesa. Com 17 pontos, 3 ressaltos, 2 assistências e um box plus/minus de +20, a internacional lusa esteve em particular evidência nos minutos finais da partida.
🖊️ A noite absurda de Luka Dončić e 5 resoluções para um novo ano de fantasy
Este artigo ia sempre ser sobre fantasy. Achei que os nossos leitores mereciam um texto um pouco mais leve, para entrarem descontraídos no novo ano. Já tinha até seleccionado os números que ia colocar em destaque. E depois Luka Dončić recebeu os Knicks e obrigou-me a começar tudo de novo.
O Pedro Quedas queria fechar o ano com um artigo mais leve e descontraído sobre ligas fantasy, mas Luka Dončić fez uma exibição histórica e obrigou-o a começar tudo de novo.
📓 Diário de Bordo | NBA Draft ‘23 - Whitmore, Smith Jr. e Whitehead
Na mais recente edição do seu Diário de Bordo, o Nuno Soares deixa desejos para 2023 para três dos caloiros mais talentosos da classe: Cam Whitmore (Villanova), Nick Smith Jr. (Arkansas) e Dariq Whitehead (Duke). E levanta o véu sobre coisas boas sobre Victor Wembanyama que estão a caminho.
🧵 No fio da navalha
Danke schön, Dirk.
📚 Mesa de cabeceira
Será Nikola Jokić o melhor passador da história do jogo? Foi a questão que esteve na origem desta análise em vídeo de Ben Taylor (Thinking Basketball).
📝 Does the NBA Have a $@&!*% Problem? - Howard Beck (Sports Illustrated)
📝 Aaron Gordon Has Adapted His Game To Become The Best Version Of Himself For The Nuggets - Jackson Frank (UPROXX)
📝 The WNBA is infiltrating the NBA, several star players at a time - Jamal Collier (ESPN)
📼 How Luka Doncic attacks defenses by going sideways - Ben Taylor (Thinking Basketball)
📝 Jayson Tatum, six months after NBA Finals loss: 'I know what it takes now' - Ramona Shelburne (ESPN)
📝 Klay Thompson’s Motivation Stares at Him Literally From His Locker - Howard Beck (Sports Illustrated)
🧮 Sopa de números
HalleLuka!
📱 Tweet da semana
O tweet é de 2013, mas impõe-se que o partilhemos esta semana.
📸 Bate-chapas
O afundanço do ano.
Fotografia de Garrett Ellwood (Getty Images)
🗓️ Marcado na pedra
7 de janeiro de 1951 | Apenas um dia depois de disputar o jogo mais longo da história da NBA - vitória sobre os Rochester Royals por 75-73 após seis prologamentos -, os Indianapolis Olympians foram derrotados pelo Tri-Cities Blackhawks por 83-79, com cada um dos cinco titulares dos Olympians a jogar todos os 48 minutos.
☕ Conversa de café
Na edição desta semana do videocast NBA na SportTV, Ricardo Brito Reis, Diogo Carreira e Miguel Minhava falam da exibição histórica de Luka Dončić, das mais recentes notícias sobre Neemias Queta e dos totalistas da época da NBA.
No último episódio do podcast Bola ao Ar, João Dinis e Ricardo Brito Reis falam sobre o jogo histórico de Luka Doncic e os Brooklyn Nets.
No primeiro episódio da semana do podcast Bola ao Ar, João Dinis e Ricardo Brito Reis conversam sobre os destaques dos jogos do dia de Natal, a Woj Bomb sobre o possível regresso de James Harden a Houston e a lesão de Domantas Sabonis e o que isso pode significar para Neemias Queta.