Nos bastidores do Europeu: Parada de estrelas… nas bancadas
Um dos meus rituais preferidos em Matosinhos é assistir aos treinos das equipas, durante a manhã. É ali, naqueles 45 minutos em que não há ninguém nas bancadas, que se definem estratégias para tentar surpreender os próximos adversários: uma defesa zona, uma pressão a campo inteiro, um set-play novo para explorar uma fraqueza qualquer. E é também no silêncio e na calma do treino que os treinadores discutem entre si as mensagens que vão passar na palestra antes do jogo e fazem algum trabalho mental com determinados jogadores.
Num cantinho do pavilhão, o speaker vai testando as músicas para os períodos de aquecimento e descontos de tempo, confere os hinos das seleções em competição nesse dia e treina, ele também, como se dizem os nomes dos atletas e treinadores que terá de anunciar antes da bola ao ar. Parece fácil, mas tentem vocês dizer, sem se engasgarem, os nomes do arménio Vladimir Harutyunyan, do belga Vrenz Bleijenbergh ou do georgiano Nikoloz Metskhvarishvili… Boa sorte com isso.


Fora de campo, os restantes elementos do staff das comitivas aproveitam estes momentos de tranquilidade para limar arestas em relação a detalhes aos quais quase nunca prestamos atenção. Vemo-los a contar os brindes que os jogadores vão oferecer aos adversários ou a reavivar com marcador os números das garrafas de água que, durante o jogo, estarão alinhadas e ordenadas numa mesa imediatamente atrás dos bancos de suplentes.


Quando se aproxima a hora do primeiro jogo, começam a chegar as claques. Por norma, são apenas familiares dos jogadores. A não ser – claro! – que seja um jogo de Portugal. Aí, Matosinhos volta a mostrar por que razão é uma espécie de capital do basquetebol nacional. É arrepiante ver entre duas a três mil pessoas a lotar o Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos e a cantar o hino com os nossos miúdos. Nas bancadas, quase incógnitas no meio da multidão, é possível detetar inúmeras figuras ligadas à modalidade.
Também no meio da multidão, e estes ainda mais discretos, há scouts de equipas da NBA. Los Angeles Lakers, Philadelphia 76ers e Washington Wizards marcaram presença nos primeiros dois dias de competição e há mais a caminho. Não vêm a Matosinhos para se deliciarem com as sapatilhas dos atletas – mais um guilty pleasure que assumo –, mas sim para ver in loco o talento destes jovens jogadores.


Entre tantas estrelas nas bancadas, houve uma que se destacou… na tribuna de imprensa. Mike Schmitz, analista da ESPN especializado no campeonato universitário da NCAA e enviado especial da emissora norte-americana aos Europeus jovens para detetar e entrevistar alguns dos melhores prospects, esteve três dias em Matosinhos antes de seguir para Telavive para acompanhar o Europeu da Divisão A. Schmitz entrevistou o português Neemias Queta e mais uma mão cheia de jogadores e, antes de rumar a Israel, deu-nos a oportunidade de o entrevistarmos.


Foi uma conversa incrível sobre o Neemias e a atualidade da NBA. A entrevista será publicada aqui nos próximos dias e – acreditem! – vale a pena. Agora é tempo de apoiar a nossa Seleção a superar os dois últimos jogos da fase de grupos, frente à Eslováquia e à Bélgica. Boraaa!