Neemias Queta à conversa com jornalistas portugueses (VÍDEO)
Neemias Queta, o primeiro atleta português de sempre a jogar na NBA, esteve à conversa com jornalistas portugueses após as mais recentes presenças na equipa principal dos Sacramento Kings. A reação dos adeptos depois do jogo frente aos Cleveland Cavaliers, a evolução enquanto jogador, a campanha para o All-Star, a experiência de dividir o campo com LeBron James e o feedback do treinador Alvin Gentry foram alguns dos temas abordados na videoconferência.
O jogo com Cleveland mudou a forma como te veem como jogador?
Diria que não. Estou sempre pronto. Olho para cada oportunidade da mesma maneira. Sempre que estou dentro de campo vou dar o meu máximo. Não olho para onde estou ou contra quem estou a jogar. O que me cabe a mim é estar dentro de campo e fazer o meu melhor de cada vez que estou dentro de campo.
Já falaram de ti várias vezes como favorito dos fãs. Estavas à espera dessa reação? Como tem sido essa relação?
Não, não estava à espera desse tipo de reação. É sempre bem-vinda. Acho que os adeptos de Sacramento têm sido incríveis, tanto para mim como para a equipa. Têm-se mostrado sempre do nosso lado. Acho que são uns adeptos incríveis, espero que possamos criar uma relação com o passar dos anos.
Cinco jogos, 36 minutos. 24 num jogo, 11 pontos. Como é que foi esse jogo com os Cavs? Como vês estes jogos e a tua evolução?
Senti-me confortável dentro de campo. O jogo é diferente, é um pouco mais rápido, mas com o passar do tempo, com as repetições que tenho feito, tenho ficado cada vez mais confortável. O jogo tem abrandado para mim.
Já foste praxado?
As praxes ainda não tenho recebido nenhuma mesmo a sério. Mas agora que virem isto, deve ser uma espécie de jinx. Vamos ficar na fé para ver se continuamos assim até ao fim da época.
O que te tem impressionado mais até agora na NBA?
Diria que o jogo é diferente. O espetáculo dentro e fora do campo. Todas as jogadas são espetaculares. Não há nenhum jogador mau na NBA. Somos todos muito bons, e a partir do momento em que aqui estás, estás a jogar contra os melhores do mundo e tens de trazer o teu melhor em cada dia.
Onde sentes que tens crescido mais?
Aquilo em que evoluí mais é a maneira como me mexo dentro de campo. Tenho-me sentido mais confiante a jogar no perímetro, a defender bases. Isso tem-me ajudado imenso a ganhar tempo dentro de campo. Outra coisa que necessito de trabalhar é ganhar mais peso, massa, força.
Como tens olhado para as campanhas nas redes sociais para te levar ao All-Star?
É um sonho, sim, mas não estou preocupado com o All-Star. Gosto da ideia de votarem em mim, mas estou cada vez mais focado em ajudar a equipa a ganhar.
Quais eram os teus objetivos individuais no início da temporada? E daqui para a frente?
Um dos meus objetivos era ter uma chamada à equipa principal e ter minutos. Já consegui isso e agora tenho outros objetivos. Para a equipa, o objetivo ainda é chegar aos Playoffs.
Há centenas de portugueses que ficam até tarde para ver alguns minutos teus. Que feedback tens tido?
Os portugueses têm sido incríveis. Mandam mensagens dia e noite. A minha família está sempre a apoiar e isso dá-me ainda mais vontade de jogar bem para deixar as pessoas contentes.
E partilhar o campo com o LeBron?
Partilhar o campo com o LeBron é algo inimaginável. Se me dissessem há quatro ou cinco anos não acreditava. Dá-me ainda mais vontade de continuar a trabalhar.
Como tem sido o relacionamento com o Alvin Gentry?
O Alvin tem sido sempre muito encorajador. Tem-me dado confiança e dito para continuar a trabalhar, porque a minha oportunidade vai chegar.
Em relação ao passe e à criação ofensiva, há intenção em colocar-te nesse papel?
Pode vir a acontecer, mas por agora não é o meu papel. É algo que vamos trabalhar. Vou evoluir isso no futuro.
O que tens aprendido com os outros postes da equipa?
Tenho aprendido com todos: com o Richaun (Holmes) o push-shot, com o (Alex) Len a jogar de costas para o cesto, com o Tristan (Thompson) a usar as duas mãos, e com o Damian Jones a esticar o campo. Têm-me ajudado imenso.
Tens alguma mensagem para professores e patrões que lidam com pessoas com olheiras?
As pessoas decidiram ficar acordadas para me ver jogar. Os professores não podem ficar chateados comigo.
Os teus colegas falam contigo sobre o apoio de Portugal?
Eles perguntam porque tenho tanta gente a apoiar-me. Mas é algo novo para nós e dá um aspeto diferente.
Quando estás a jogar, pensas que estás contra jogadores que vias na televisão?
Há tanta coisa a acontecer dentro de campo que não dá tempo para pensar nisso. Estou concentrado no scouting report e em fazer os ajustes.