Mesa de cabeceira #13 - O capítulo que a história quis apagar
Três anos depois do “fim” em Chicago, Michael Jordan reapareceu em Washington para mostrar que o domínio também se constrói sem asas.
Em 1998, Michael Jordan saiu dos Chicago Bulls com o final perfeito: lançamento decisivo, 6.º título, segundo three-peat, e o mundo inteiro a carimbar-lhe a etiqueta de GOAT antes de arquivar a história.
Só que não foi o fim. Três anos depois, MJ regressa, desta vez com Wizards ao peito, num contexto bem menos glamoroso e muito mais revelador: menos motor, mais controlo; menos explosão, mais leitura; menos “voo”, mais veneno em cada drible, cada jab step, cada pump fake.
É isso que Michael Jordan - The Wizard Years faz bem: pega num capítulo empurrado para o canto e mostra-o sem o conforto do esquecimento. Os picos estão lá, os jogos em que parece impossível ele ter 40 anos estão lá, e está lá também o porquê de esta fase ter sido empurrada para fora do resumo oficial.
Se a tua memória de Jordan termina no último lançamento pelos Bulls, esta é a nossa sugestão para o fim-de-semana. Não é nostalgia, mas sim contexto: ver o que sobra quando o corpo já não responde como dantes, mas a mentalidade continua a ser a do jogador mais implacável da história do jogo.
📚 Dobra no canto
Se andas à procura de um texto que ponha em palavras o que muita gente já sente, aqui está: How Good Are the OKC Thunder?, de Michael Hendricks. A premissa é desconfortável para o resto da liga: um registo de 24-1 não é “bom arranque”, é um aviso ao mercado, às ambições e à conversa das trocas, porque obriga equipas competitivas a perguntarem se vale sequer a pena acelerar.
Hendricks tira a discussão do hype e encosta-a aos números. Um net rating de +17.2, com o recorde histórico apontado aos +13.4 dos Bulls de 1995-96, é demolição. E a parte mais assustadora é a sensação de facilidade: Shai Gilgeous-Alexander a descansar nos quartos períodos e uma profundidade que transforma nomes como Lu Dort, Alex Caruso ou Isaiah Hartenstein em role players de um sistema que não precisa de noites perfeitas para esmagar.
Outras sugestões de leitura:
📥 Meet the NBA Player in the Epstein Files - PABLO TORRE FINDS OUT
📥 Can Derik Queen be at the Center of the Pelicans’ Rebuild? - Above the Break
📝 The two scariest words in the NBA: Calf strain - Tom Haberstroh (Yahoo)
📝 How post-ups became the NBA’s most efficient play - Zach Kram (ESPN)
☕ Conversa de café
Na última edição do podcast Bola ao Ar, fizemos a antevisão da Final Four da NBA Cup em Las Vegas, falámos do rolo compressor dos Oklahoma City Thunder e do impacto de Stephon Castle nos San Antonio Spurs.
E no primeiro episódio da semana, lançámos os quartos-de-final da NBA Cup, passamos pelos duelos-chave e explicamos por que é que os Boston Celtics estão a ganhar com o ritmo mais lento da liga.
🚨 Buzzer beater
Durante anos, Adrian Wojnarowski foi o homem que carregou a NBA no bolso e a largou no Twitter em forma de Woj Bombs, sempre antes de toda a gente. Agora, fora do ciclo vicioso das notícias de última hora e de regresso àquilo que realmente lhe interessa, a sua alma mater, St. Bonaventure, Woj troca o “breaking” pela conversa: entrevistas longas, bastidores de liderança e poder, e uma curiosidade menos ansiosa e mais útil.
Nesta edição de The Program, o convidado é J.B. Bickerstaff, treinador dos Detroit Pistons e um dos rostos da corrida a Treinador do Ano, para um mergulho raro na anatomia de uma organização da NBA, da autonomia (ou falta dela) de um head coach ao papel do dono, passando pela gestão da relação com a estrela e pelo que separa um balneário saudável de um ecossistema tóxico.




