Até parece mentira, tendo em conta o que vinha sendo a temporada da equipa, mas os Lakers estão em posição de Play-In e com boas chances de chegarem aos playoffs. Num Oeste absolutamente confuso, em que o 5.º e o 13.º classificados se separam por apenas três jogos, a forma em crescendo da turma de Los Angeles deixa Darvin Ham a sonhar.
São sete vitórias nas últimas dez partidas para uma equipa que perdeu LeBron James por lesão no meio desse caminho, mas que não parou de vencer. E fê-lo do lado defensivo, tornando-se a melhor defesa da liga após a trade deadline. Será essa a receita para os Lakers chegarem aos playoffs, enquanto aguardam o regresso do seu melhor criador ofensivo.
Os números impressionam e, como sempre fazemos por aqui, juntamos ao vídeo para tentar perceber o porquê. A defesa da turma de Los Angeles tem sido compacta, pressionante e baseia-se muito em levar as equipas contrárias para zonas de meia distância ou próximas do pintado, onde o tamanho e a mobilidade dos jogadores interiores assusta – Davis e Vanderbilt à cabeça, mas Hachimura e Gabriel também a criarem problemas – ou em forçar passes para atiradores exteriores, constantemente vigiados por Troy Brown ou Dennis Schröder. É uma defesa que se mantém próxima e faz uso do esforço extra dos seus jogadores para recuperar bolas perdidas, ressaltar e não permitir segundas chances.
Anthony Davis é a âncora e seria um dos maiores candidatos ao prémio de Defensive Player of the Year se não tivesse passado tanto tempo de fora. A sua capacidade para proteger o cesto, seja em situações de 1×1 frente a outros postes, seja em ajuda, é quase inigualável em toda a NBA. Davis força maus lançamentos, força lançamentos contestados e reduz a eficácia perto do cesto.
Haverá talvez três ou quatro jogadores em toda a liga com a capacidade de Anthony Davis para defender em espaço, cobrir dois jogadores no mesmo bloqueio direto e estar em constante movimento, de modo a ser, ao mesmo tempo, uma ameaça defensiva perto da tabela e no perímetro. Torna-se difícil para qualquer equipa conseguir um lançamento interior com Davis a rondar, mas também fica complicado quando o mesmo Davis consegue recuperar rapidamente a sua posição.
Seria impossível falar da defesa dos Lakers sem mencionar a melhor aquisição para esse lado do campo no período de trocas: Jarred Vanderbilt. É o pacote completo, que oferece defesa na bola e fora dela, no exterior e interior. Muito forte a reconhecer o espaço à sua volta e com um raio de ação grande, força turnovers e maus lançamentos. Para perceber melhor o seu impacto defensivo, basta rever os dois primeiros clips do primeiro vídeo.
Enquanto lançar quase 47% de três pontos, em 4 tentativas por jogo (pós trade deadline), Troy Brown Jr. continuará certamente a ter minutos. Mas mesmo quando esses números baixarem, a sua defesa é tão relevante que merecerá a atenção de Darvin Ham. A forma como persegue atiradores e se desvia de bloqueios impressiona, tal como o seu tamanho e envergadura, que lhe permitem dar espaço e ainda assim contestar lançamentos.
Esse mesmo tamanho, aliado à mobilidade, permite-lhe manter-se na frente de quem tenta atacar o cesto. Aguenta contactos, mexe-se bem lateralmente e evita faltas desnecessárias.
Dennis Schröder é o defensor no ponto de ataque dos Lakers. Não sendo o mais talentoso, mais forte ou mais rápido, compensa com espírito combativo e uma rapidez de processamento e reação acima da média. Põe pressão nos portadores de bola e fecha linhas de passe fáceis, complicando a vida aos bases adversários.
Consegue trocar ocasionalmente para postes mais móveis, pelo simples facto de colocar constantemente pressão em quem tem a bola. Um poste que parta do perímetro terá mais dificuldade em chegar ao cesto, porque o baixo centro de gravidade de Schröder e a sua constante atividade direcionada à bola não permitem tanta facilidade nessa chegada.
Por último, Austin Reaves. Novamente, não é o mais talentoso, mas trabalha incessantemente e sabe estar em posição para uma defesa mais eficaz. Normalmente atua fora da bola, ocupando bem o espaço e fechando linhas de passe ou de penetração (ver o primeiro vídeo). Ainda assim, consegue ocasionalmente criar problemas a quem tem a bola pela sua capacidade de trabalho e energia inesgotável. PS: não deixes fugir este também, Rob.
Parece mentira, mas a 10.ª pior defesa até à trade deadline, que perdeu o seu melhor defensor de perímetro, é agora a melhor defesa da liga desde então. Entraram elementos de qualidade defensiva inegável, mas acima de tudo, esta equipa ganhou uma identidade defensiva e uma combinação de talentos e habilidades que antes não tinha.
O caminho não está completo e a margem de erro é mínima para a histórica equipa californiana, porque LeBron James ainda faz a diferença, principalmente no ataque. Mas com o seu líder de fora, os Lakers têm de continuar a amealhar vitórias de alguma forma. E a melhor aposta que têm é mesmo a defesa.