🏀 João "Betinho" Gomes: «Enquanto o meu corpo aguentar… vou continuar» | zerozero
Do Barreirense à NBA, do EuroBasket ao Mundial, "Betinho" fala sobre superação, racismo, legado e o amor por um jogo que nunca o viu desistir, em entrevista exclusiva ao zerozero.
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João “Betinho” Gomes tem 40 anos, 23 de carreira sénior, dois países no coração e muitos capítulos por fechar com uma bola nas mãos. Numa entrevista exclusiva ao zerozero, fala de tudo: o papel do Barreirense, o processo de draft da NBA em 2007, racismo, as comparações com Cristino Ronaldo, a consagração como Jogador da Década, o EuroBasket com Portugal e o Mundial com Cabo Verde, e muito mais.
Um dos treinadores dos Portland Trail Blazers chamou-me ao escritório dele e disse: “Se defendesses tão bem como o Bruce Bowen, eu contratava-te já. Assim como estás, ainda não conseguimos jogar contigo”. (…) O processo de draft da NBA mudou a minha mentalidade. Percebi que tinha de treinar como se estivesse num jogo, com a mesma intensidade.
Quando cheguei a Itália, fizeram-me logo comparações com o Cristiano Ronaldo — “o Cristiano Ronaldo do basquetebol” — e até saiu num jornal uma montagem com fotos minha e dele. Criou-se uma grande euforia.
Sofri bullying no meu primeiro ano no Breogán. O treinador chamava-me de tudo. Racismo incluído. Chamava-me “africano de merda”. Houve um dia em que fiz as malas. Estava sozinho em casa, pronto para regressar a Cabo Verde. Liguei à minha mãe, comecei a chorar ao telefone.
"No EuroBasket 2007, ficámos no mesmo hotel do Pau Gasol, do Tony Parker, do Andrei Kirilenko. O Kirilenko era uma máquina. Intimidava só por estar ali. Imagina dentro do campo, ter de o defender… meu Deus. Foi uma experiência marcante.
Tenho dois países no coração. Sou cabo-verdiano, mas também me sinto português. Foram mais de 12 anos a representar Portugal. E foi muito especial. Não mudaria nada. E agora, com Cabo Verde, quero alcançar mais. Temos um AfroBasket este verão e quero levar o nome de Cabo Verde ainda mais alto.
Adoro o jogo, o balneário, as viagens. Enquanto o meu corpo aguentar… vou continuando. Tenho tido sorte com o Norberto Alves e o Luís Catarino. Se fosse outro treinador, provavelmente já me tinha reformado há dois anos.
Lembro-me de jogar contra ele nos juniores, ele era 2 ou 3 anos mais novo que toda a gente e já era tão melhor que todos. Lembro-me bem de pensar “este puto é a melhor hipótese de Portugal ter alguém na NBA”