Comissão de Inquérito, 2.ª sessão: o Galitos FC vai manter-se na Liga Betclic
Depois do triunfo em Albufeira e da receção vitoriosa ao FC Porto, em jogo da Taça Hugo dos Santos, a leitura é simples: há talento suficiente para evitar a descida à Proliga.
Começo esta 2.ª sessão da Comissão de Inquérito por dizer que este texto estava praticamente escrito há uma semana, mais coisa menos coisa. Pretendi, contudo, prudentemente, esperar pelos resultados do fim-de-semana. Eis que o Galitos surpreende e vence o FC Porto (90-89) em jogo a contar para a Taça Hugo dos Santos. Admito que terminei o texto mais convictamente.
Mas vamos então ao teste da nossa hipótese, talvez menos ambiciosa do que a da primeira, mas certamente longe de segura. A tese desta quinzena é a de que o Galitos Futebol Clube não será uma das equipas despromovidas à Proliga, garantindo a manutenção na Liga Betclic no fim da época.
A situação atual da equipa do Barreiro não é, certamente, confortável. Com uma vitória em 6 jogos, ocupa a 11.ª posição da Liga Betclic, só à frente do Vitória SC, que ainda não venceu em jogos a contar para a Liga. Os homens do Barreiro conseguiram a primeira vitória na última jornada da Liga, depois de derrotarem o Imortal fora de casa, num jogo decidido após prolongamento (95-96). Depois disso, e como já referimos, venceram com todo o mérito um desinspirado FC Porto, para a Taça Hugo dos Santos.
Olhemos para o plantel. Como é hábito nas equipas portuguesas, o Galitos sofreu uma quase total remodelação da época passada para esta. Dos atletas com mais tempo de jogo, só Rodgree Stein se manteve no Barreiro, juntamente com o shooter Daniel Machado. Entre portugueses e estrangeiros, chegaram à equipa pelo menos oito jogadores novos.
Dos reforços destacam-se, por larga margem, dois: o norte-americano Bryan Carter e o francês Quentin Diboundje-Eyobo.
Carter é uma autêntica máquina ofensiva. Tem 2,04 metros, fundamentos técnicos definidos, mobilidade interessante, é lançador e agressivo. É um dos líderes da Liga em pontos por jogo e também no ranking de MVP.
Diboundje-Eyobo, por seu turno, surpreende pela capacidade física e agressividade distinta de quase tudo o que temos visto em Portugal, nos últimos anos. A sua produção individual tem subido de jogo para jogo e prevejo, sem grande risco, que venha a ser, no fim da época, um dos líderes estatísticos da prova em mais do que um índice. Aliás, aproveito e, de caminho, faço nova previsão, abrindo aqui uma subcomissão de inquérito: Carter e Eyobo vão estar ambos no top-10 de jogadores mais valiosos da Liga Betclic, no fim da época. Mas sobre isto falaremos mais adiante.
O americano e o francês são duas perigosíssimas setas apontadas aos cestos adversários. A sua verticalidade ofensiva lembra-nos alguns outros jogadores que alinharam no Galitos nas últimas épocas, o que parece demonstrar uma certa continuidade na filosofia de jogo da equipa. Lembro-me, por exemplo, de Elijah McCadden, que trocou o Galitos pela Polónia a meio da época passada.
Há, diria, outras duas peças-chave, que não creio que neste momento sejam ainda absolutas certezas: o base Khristion Courseault e o poste Georges Lefebvre. Courseault já fez jogos de alguma qualidade, mas terá de render mais à medida que a época avança e, a par com Bernardo Lisboa, vai ter de libertar totalmente Eyobo das funções de criador. A equipa do Galitos precisa de um base seguro, confiável, e creio que Courseault ainda não conseguiu descansar totalmente os adeptos do Galitos. Digo eu, que não sou adepto do Galitos.
Além dele, é importante ver qual será o fit do poste Georges Lefebvre na equipa. O canadiano só jogou uma vez na Liga, precisamente na vitória frente ao Imortal, e não encheu as medidas no recente triunfo contra o FC Porto (3 pontos, 4 ressaltos, 2 assistências). O Galitos precisa de um homem grande e com presença na área pintada, capaz de perturbar os lançamentos dos adversários e de intimidar os penetradores. Nem Carter nem Leslie têm esse perfil. Diogo Runge também não. A boa evolução da dupla Courseault-Lefebvre será fundamental para as aspirações dos homens do Barreiro. Guys, it’s on you.
É que o Galitos sofre de um grave handicap, que deverá ser corrigido rapidamente: a defesa. Das seis partidas disputadas na Liga, o Galitos sofreu 100 ou mais pontos em quatro ocasiões. Nas outras duas sofreu 93 e 95. Contra o FC Porto foram 89. A equipa concede lançamentos fáceis, tem problemas na recuperação defensiva e, não raro, comete turnovers em zonas proibidas, naturalmente transformados em pontos adversários.
O Galitos tem-nos habituado a jogar um basquete alegre. Na época passada conseguiu não só a manutenção como um improvável bilhete para os playoffs. É cedo, este ano, para fazer essa previsão. Mas reforço a convicção que norteou esta 2.ª sessão da Comissão de Inquérito: o Galitos não vai ser uma das equipas despromovidas à Proliga. Again, it’s on you guys.




