🏀 Aposta total em Neemias Queta
Com o EuroBasket a servir de teste de fogo e os Celtics a recusar reforços para o pintado, Neemias Queta surge como aposta clara de Boston para 2025-26.
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☘️ Quetalândia: Celtics apostam em Neemias para o frontcourt
Os Boston Celtics entraram em 2025-26 em modo de contenção, após uma offseason marcada pelas saídas de Kristaps Porziņģis, Jrue Holiday, Al Horford e Luke Kornet, e pela recuperação de Jayson Tatum da rotura do tendão de Aquiles. Em Boston fala-se em ano de reajustes antes de voltar a atacar o título em 2026-27.
Nesse contexto, a confiança no crescimento de Neemias Queta é cada vez mais clara. O poste português surge como uma das peças-chave na rotação interior, com espaço para dar um salto competitivo. O jornalista Brett Siegel resumiu, em artigo para o site ClutchPoints, o plano dos Celtics:
“A ideia de os Celtics fazerem uma troca para reforçar o frontcourt antes do início da época é improvável, já que a organização está entusiasmada em ver o crescimento de Neemias Queta.”
Essa confiança ganha ainda mais peso com a análise do jornalista Brian Robb (MassLive), que vê o EuroBasket como teste ideal para o poste português antes do training camp:
“Os Celtics têm feito um bom trabalho ao descobrir alguns diamantes em bruto para a posição de poste na última década, e Queta parece ser mais um desses casos. (...) Tendo em conta a sua idade e experiência, faz sentido considerar Queta o favorito a conquistar o lugar no cinco inicial no training camp e, no mínimo, uma peça importante da rotação. Uma exibição consistente ao longo das próximas duas semanas na Europa dará a Joe Mazzulla muitas razões para se entusiasmar com o poste, que tem recebido bastante tough love do treinador nas últimas duas épocas. No fim de contas, se Queta conseguir aguentar-se defensivamente (reduzindo faltas, tomando decisões inteligentes dentro do esquema), a equipa vai precisar dele pela sua capacidade atlética, rim running e presença no ressalto ofensivo.”
Depois de ter somado máximos de carreira em jogos (65) na época passada e de recuperar em pleno da artroscopia ao joelho esquerdo, Queta encontra-se perante a maior oportunidade da sua carreira: usar o palco do EuroBasket para provar que está pronto para ser titular nos Celtics.
Num plantel onde Chris Boucher, Luka Garza e Xavier Tillman são concorrência direta, mas sem a sombra de Porziņģis, Horford ou Kornet, a perspetiva de ver o poste luso no cinco inicial de Boston nunca foi tão real.
🇵🇹 Travante Williams: de uma loja em São Francisco ao EuroBasket
A história de Travante Williams podia ter acabado atrás de um balcão em São Francisco. Em vez disso, levou-o de Alasca a Lisboa, de “miúdo baixo e gordo” a líder da Seleção Nacional no EuroBasket. Numa entrevista ao Mozzart Sport, o extremo naturalizado português partilhou o seu caminho improvável.
“Comecei no Alasca, e a verdade é que não estava sequer perto de ser dos melhores. Era um miúdo baixo e gordo. Muitos amigos meus jogavam em universidades famosas, eu só acreditava e não desistia. Encontrei uma escola no Google, mudei-me para a Califórnia, depois ainda tentei na Geórgia, mas acabei por voltar a casa. Não dava para viver só do basquete. Trabalhava numa loja em São Francisco a vender roupa. E muitas vezes pensei: se calhar é isto. Se calhar o meu caminho não é o basquete.”
Essa rotina atrás do balcão podia ter sido o fim, mas foi o princípio de outra história. Uma chamada de um agente mudou-lhe a vida.
“O telefone tocou e havia uma oportunidade em Portugal. Eu não sabia nada sobre o país. Googlei, vi que era um sítio com sol, e pensei: vamos a isso. Cheguei, tive um bom treinador, veteranos que me ajudaram, começámos logo a ganhar. Depois fui para o Sporting, voltámos a conquistar troféus, e tudo encaixou. Percebi que não estava ali só para marcar pontos. Queria ser parte da família. E hoje posso dizer que Portugal é casa.”
Em Portugal, Travante construiu não só uma carreira mas também uma identidade. Hoje, sentado num balneário da Seleção Nacional, partilha refeições com algumas das maiores estrelas do planeta.
“Quando cheguei, nem sabia o que era o EuroBasket. Só queria jogar, competir e ganhar. Agora olho em volta e estou no mesmo hotel que estrelas da NBA. Outro dia estava ao pequeno-almoço, olho para o lado e penso: ‘Wow, fuck, é o Jokić!’ Tive de me controlar para não saltar e pedir uma foto. Isto para mim é uma bênção. Estou a viver algo que nunca imaginei.”
O percurso reforça a sua mensagem a quem, nos EUA, continua a ver o mundo só através da NBA.
“Muitos americanos pensam: se não estás na NBA, não és bem-sucedido. Isso não é verdade. A minha história é completamente diferente, e tenho orgulho nela. A NBA não é a única opção. Há vida na Europa, há competições incríveis, há momentos que valem tanto como qualquer coisa que poderia ter acontecido lá. Eu sou a prova disso.”
⭐ Nikola Jokić: o melhor basquetebolista do mundo não vive para o trabalho
Um retrato certeiro do poste dos Denver Nuggets e da seleção da Sérvia que desmonta clichés: não é americano, não é explosivo, odeia holofotes e prefere cavalos a likes. A jornalista Lídia Paralta Gomes, do Expresso, assina um perfil que explica como um poste de 2,11 m, escolhido no n.º 41 do draft, redesenhou a NBA e tem agora a Sérvia à espera do seu ouro.
Da madrugada do draft interrompida por um anúncio de fast food ao génio que transforma colegas comuns em peças brilhantes, o perfil traça a viagem de Sombor a Denver sem ceder à hagiografia. Fala da escola jugoslava, da inteligência quase imperturbável em campo e do paradoxo que ainda falta resolver: ser o melhor do mundo e, mesmo assim, ter de ganhar pela seleção para conquistar a Sérvia.
Dias após conquistar pela primeira vez o prémio MVP da NBA, em 2021, Jokić anunciou que não iria jogar o torneio de qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Foi chamado traidor e coisas piores no seu país, ficou marcado como alguém que não se interessa pelo sucesso nacional. Jovanović diz que ele se importa, sim, lembra as lágrimas de um juveníssimo Jokić quando em 2016 foi recebido pela sua cidade no edifício do município de Sombor depois de conquistar a prata nos Jogos Olímpicos, e acredita que Jokić está dedicado a ganhar o EuroBasket pela Sérvia, para ser abraçado como um herói na praça do Parlamento Nacional, em Belgrado, palco de receções multitudinárias depois da vitória no Europeu de 1995, o primeiro título depois de vários anos de suspensão por causa da Guerra dos Balcãs, ou após o ouro no Mundial de 2002, o último triunfo em grandes competições.
📚 Mesa de cabeceira
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☕ Conversa de café
No último episódio do podcast Bola ao Ar, o rescaldo do back-to-back de Portugal no EuroBasket, frente a Sérvia e Turquia.
E na primeira edição da semana, a estreia de Portugal no Eurobasket, com uma vitória sobre a Chéquia e uma exibição para a história de Neemias Queta.
Creio ter sido Luke Kornet (não referido) o concorrente mais direto do Neemias.