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🏀 Análise vídeo | «Pick & roll» invertido com Zion Williamson

New Orleans Pelicans têm testado o extremo/poste como «ballhandler» no bloqueio directo e os resultados são intrigantes.

A versatilidade é uma das características mais valorizadas no basquetebol actual. A NBA não é excepção e chegam à liga jogadores com um conjunto de skills cada vez mais completo. Basta olhar para a 1.ª escolha do draft deste ano, Victor Wembanyama, que tem o corpo de um poste, o lançamento de um extremo "atirador" e a técnica individual de um base.

Os jogadores grandes são, talvez, aqueles que mais têm que demonstrar capacidade de se reinventar para terem sucesso na NBA dos nossos dias. E não apenas na versatilidade de skills, mas sobretudo nas posições em que podem ser utilizados, quer no ataque, quer na defesa. Aos bigs de hoje é exigido, por exemplo, que lancem de três pontos e defendam jogadores bem mais pequenos no perímetro.

Há uns que se tentam adaptar e responder às exigências do jogo moderno e há outros que vão um pouco mais longe. Zion Williamson é um big, mas tem "flirtado" com a ideia de se tornar ballhandler. Não tem desenvolvido o lançamento dos 7,25 metros, mas tem sido colocado em posição de utilizar a sua capacidade de manusear a bola e ser criador em 5x5 em meio campo, até mesmo no pick & roll (bloqueio directo).

Mas de que forma?

O vídeo em baixo mostra duas situações de PnR entre o ballhandler Zion e o bloqueador Jonas Valančiūnas. Nesses casos, o objectivo é apenas o de dar uma nesga de espaço a Williamson para atacar o cesto, mesmo que a área restrictiva tenha mais tráfego que o IC19 ou a VCI em hora de ponta.

Ao contrário do PnR clássico, os bloqueios directos para o ballhandler Zion são feitos na zona da linha de lance livre. O “tiro” de três pontos é inexistente na dieta de lançamentos do extremo/poste de 23 anos e a recolocação do bloqueador serve o propósito de deixar Zion mais perto das zonas onde é mais eficaz.

A shot chart de Williamson neste arranque de temporada mostra que as suas finalizações são feitas quase exclusivamente perto do aro.

Imagem: Cleaning the Glass

Tornar Zion Williamson, que não tem lançamento exterior, num ballhandler no PnR pode parecer estranho, mas os Pelicans introduziram uma nuance no bloqueio directo. Por vezes, é um jogador mais pequeno - sempre um “atirador” - que dá o bloqueio a Zion e, após criar a vantagem para o extremo/poste, o bloqueador desfaz para o perímetro, onde é uma verdadeira ameaça.

Ao inverter o PnR, feito pelo jogador pequeno na zona da linha de lance livre para diminuir o número de dribles necessários para o big chegar ao cesto, a equipa treinada por Willie Green pode escolher entre o ataque vertical de Zion ou o passe para o bloqueador, que entretanto desfaz para os 7,25 e está preparado para receber e atirar.

A experiência tem sido testada com pouco volume, neste início de temporada, e por isso ainda não há métricas avançadas sobre o sucesso desta acção, mas as imagens falam por si.

Os Pelicans estão a ajudar a redefinir o conceito tradicional de papéis e dinâmicas no basquetebol, incorporando estes PnR invertidos para criar oportunidades ofensivas. E também os Milwaukee Bucks começam a utilizar acções idênticas, com Giannis Antetokounmpo como ballhandler.

O valor destes jogadores versáteis aumenta a cada dia e os chamados tweeners, como Zion Williamson, estão a prosperar num ambiente onde a capacidade de desempenhar múltiplos papéis é considerada indispensável.


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Análise Vídeo 📼
Espaço de análise táctica e 'breakdown' de 'set-plays' e tendências de jogadores ou equipas, com recurso a vídeo.
Authors
Ricardo Brito Reis