🏀 Análise vídeo | Neemias Queta vs. Brooklyn Nets
Joe Mazzulla testou várias combinações de postes, mas a parceria Kornet-Queta parece ser a menos eficaz para o internacional português.
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Joe Mazzulla, treinador dos Boston Celtics, tem experimentado vários lineups diferentes esta época, não apenas por força das lesões que têm apoquentado os campeões da NBA ao longo da fase regular, mas também para testar soluções que possam ser usadas consoante os desafios apresentados pelos adversários.
Nas últimas semanas, Mazzulla tem apostado em lineups com dois jogadores grandes, combinando duplas que saem do lote de quatro postes da equipa: Kristaps Porziņģis, Al Horford, Luke Kornet e Neemias Queta. A matemática é simples. Há seis combinações possíveis, mas é evidente que o técnico prefere apostar no veterano Horford como parelha com qualquer um dos outros postes.
Horford + Kornet: 354 minutos
Porziņģis + Horford: 338 minutos
Horford + Queta: 180 minutos
Porziņģis + Kornet: 112 minutos
Kornet + Queta: 51 minutos
Porziņģis + Queta: 30 minutos
Uma coisa é certa: tendo em conta o perfil dos quatro postes, a combinação menos provável devia ser Luke Kornet e Neemias Queta, por serem os dois não-atiradores do grupo. No entanto, esta dupla tem sido utilizada nos jogos mais recentes, com Mazzulla a dizer que o fez para quebrar as dinâmicas defensivas das equipas adversárias.
É uma amostra curta e as métricas, que são boas, merecem ponderação. Kornet e Queta coincidiram em campo durante 51 minutos (91 posses de bola), num total de 12 lineups diferentes. E, de acordo com o site Cleaning the Glass, que exclui estatísticas em garbage time, os Celtics registam uma eficiência ofensiva de 133.0 pontos marcados por 100 posses de bola (percentil 99) e uma eficiência defensiva de 113.1 pontos sofridos por 100 posses de bola (percentil 66) nos minutos Kornet-Queta, para um net rating de +19.9.
O problema é que o vídeo mostra-nos que, mesmo com o sucesso pontual destes lineups, esta é a pior combinação de postes *na perspectiva* do internacional português. É que, como
nos conta na sua , Luke Kornet pode muito bem ser o jogador mais subvalorizado da NBA esta época. E o seu bloqueio directo com Jayson Tatum é o segundo pick & roll combo mais produtivo da liga.Aquilo que normalmente permitiria a Neemias ser integrado no ataque – bloqueio directo – é relegado em favor do pick & roll com Kornet, que demonstra maior aptidão na recepção da bola após o desfazer do bloqueio para a zona da linha de lance livre (short roll) e revela-se igualmente eficaz como ameaça vertical. Com Kornet e Neemias em campo, é natural que os Celtics optem por utilizar o primeiro como bloqueador principal, obrigando Neemias a assumir um papel de lançador destinado a oferecer espaçamento. Algo que, nesta fase da sua carreira, o poste português ainda não é capaz de desempenhar.
O resultado é previsível. Colocado no canto, Neemias vê o seu defensor directo oferecer uma ajuda interior profunda, aumentando o congestionamento na área pintada. Embora os Celtics possam, ocasionalmente, resolver essas posses de bola, o cenário está longe de ser o ideal.
Quando são outros ballhandlers, como Derrick White e Payton Pritchard, a iniciar o ataque, a lógica mantém-se: Kornet é o bloqueador de serviço, Neemias é relegado a um papel periférico e o seu defensor directo aproveita para fornecer ajuda defensiva junto ao cesto.
Se, em alternativa, Neemias não estiver no canto, mas sim no topo dos três pontos e à distância de uma linha de passe do bloqueio directo que envolve Kornet, o defensor do português coloca-se dentro da área restritiva, o que não faria se Neemias fosse respeitado como "atirador". Assim, pode ajudar no rolar de Kornet para o cesto ou fechar a linha de penetração do ballhandler após o bloqueio directo.
Na recente visita aos Brooklyn Nets, foi visível Kornet e Neemias "discutirem", em plena transição, quem ia dar o bloqueio directo a Pritchard, à chegada ao ataque. É provável que existam indicações claras para que seja Kornet a assumir essa função, mas o próprio Kornet aparenta querer que Neemias se envolva de algum modo na manobra ofensiva, insistindo para que o português avance para o 2-man game com o base. Com tanta indecisão, Pritchard disse "Hold my beer!" e resolveu sozinho.
Mais uma vez, é importante ressalvar que a amostra é limitada. Porém, se Kornet apresenta melhores resultados como bloqueador, insistir numa parceria Kornet-Queta retira Neemias de qualquer envolvimento significativo no ataque, resultando frequentemente num ataque de 4x5. Para benefício de todos — tanto de Neemias como do colectivo — esta é uma dupla a evitar.