Começou o segundo semestre, voltou a rotina: as aulas, os exames, os treinos e os jogos.
Na residência universitária, novas colegas: entraram mexicanas, colombianas e espanholas. Subitamente, o salero ibérico de Portugal e Espanha “misturou-se” com a América Latina e tudo mudou. A comunicação faz-se em portunhol, mudaram-se os hábitos alimentares, o ruído aumentou, a música e a boa disposição estão sempre presentes.
Ah, e começaram os debates sobre futebol. Quem é afinal o melhor do mundo: o nosso Ronaldo ou o argentino Messi?
Mas as mudanças não ficaram por aqui. Começaram os jogos de futebol entre nós – que saudades de dar uns toques na bola com os pés e de discutir os jogos da Champions League!
Enfim, a confirmação de que nós, os latinos, somos mesmo de sangue quente. Nada melhor para quebrar a neve e as temperaturas negativas que se continuam a fazer sentir no Canadá.
Mas outros hábitos também se alteraram. Começámos a fazer uma refeição especial todos os domingos e, em cada semana, tentamos trazer os sabores e a gastronomia da nossa terra. Pois, por esta altura, já estão a interrogar-se: o que terá feito a Carolina? Bacalhau, pois claro! Nem podia ser outra coisa. Tinha trazido na bagagem o fiel amigo, após as férias natalícias, e posso dizer-vos que todos adoraram o “nosso” bacalhau.
Com todo este intercâmbio, conhecemos alguns estudantes árabes e acabámos por ter a oportunidade de provar alguns dos sabores do Médio Oriente. Agora, o domingo é uma mistura de culturas e sabores, latinos, ibero-americanos e árabes, numa fusão de experiências e tradições espetaculares.
No basquetebol o tempo também voou. A minha Universidade de Regina assegurou o 1.º lugar na fase regular e partiu para os playoffs numa situação privilegiada. Superámos as Timberwolves de UBC nos quartos de final e as Dinos de Calgary nas meias-finais, chegando à final da conferência Canada West.
Dia 2 de março é a final contra o nosso grande rival, Saskatchewan. Uma equipa experiente, com jogadoras de topo e uma treinadora que me chamou a atenção pelo estilo de jogo – é a selecionadora da equipa sénior feminina do Canadá. Percebi logo que o jogo da final iria ser disputado a outro nível, pelo conhecimento que esta treinadora tem do jogo. Mas os “nomes” não interessam para nada: estamos a trabalhar bem e acreditamos na vitória.
Antes da final, mais uma boa notícia para mim: estou nomeada para Rookie do Ano (Canadá) e a decisão será anunciada no dia 7 de março. É o culminar de uma época exigente, de muito trabalho e de adaptação a uma nova realidade, mas sinto-me verdadeiramente recompensada e motivada para superar os desafios.
Chegou o momento das grandes decisões: final de conferência e Final 8 nacional. Foi a pensar neles que treinei todo o ano e quero muito estar no meu melhor e VENCER. As vitórias coletivas serão SEMPRE mais importantes do que os prémios individuais.
O mês de março promete!
por Carolina Gonçalves (@cgon18)