🏀 Os números da época de afirmação de Neemias Queta
Português consolidou papel relevante na rotação dos Boston Celtics, com vários máximos de carreira e marcos individuais.
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☘️ Quetalândia: Quarta época de Neemias com números redondos
A fase regular da temporada 2024-25 encerrou este domingo, com as 30 equipas da liga em acção, embora várias formações com futuro definido tenham optado por poupar as principais figuras. Foi o caso dos Boston Celtics, que visitaram os Charlotte Hornets sem os 6 jogadores mais utilizados por Joe Mazzulla na ficha de jogo. Neemias Queta encerrou o último jogo da sua quarta época com o melhor box plus/minus da partida (+11), e uma linha estatística de 2 pontos, 6 ressaltos, 4 assistências e 2 roubos de bola na vitória por 93-86.
O poste português teve um ano de afirmação, com vários máximos de carreira ao serviço dos campeões da NBA, e sobretudo um papel mais relevante na rotação do conjunto de Boston. Ao todo, o gigante do Vale da Amoreira participou em 62 dos 82 jogos dos Celtics, foi titular em seis ocasiões, e somou médias de 5.0 pontos, 3.8 ressaltos, 0.7 assistências, 0.3 roubos de bola e 0.7 desarmes de lançamento, com eficácias de 65.0% de lançamentos de campo e 75.4% de lance livre.
O mês mais activo de Queta foi novembro, durante o qual disputou 13 jogos (11 vitórias e duas derrotas) e acumulou 279 minutos em campo, para uma média de utilização superior a 21 minutos. Nesse período, destacou-se com médias de 7.3 pontos, 5.5 ressaltos, 1.0 assistências e 1.2 desarmes de lançamento. Durante a época, atingiu ainda vários marcos simbólicos na carreira, ultrapassando os 100 jogos, 1000 minutos e 500 pontos na NBA.
Seguem-se os playoffs para os Celtics, segundos classificados da conferência Este, que terão que aguardar pelo desfecho do torneio play-in para conhecerem os adversários da primeira ronda da fase a eliminar. Como quarto poste na hierarquia do plantel, atrás de Kristaps Porziņģis, Al Horford e Luke Kornet, não se antecipam muitos minutos para Neemias nos playoffs.
Neemias Queta, analytics darling?
O afundanço de Neemias Queta em Orlando, esta semana, não passou despercebido — nem aos olhos, nem aos números. Com uma pontuação de 113.2 no Dunk Score, foi classificado como o 4.º melhor afundanço de toda a época na NBA. Mas afinal, o que é o Dunk Score? Trata-se de um sistema criado pela NBA que avalia, em tempo real, a qualidade de cada afundanço com base em mais de 25 métricas — desde salto vertical, distância do cesto ou proximidade do defensor. O poster de Neemias foi, também, destaque entre as 10 melhores jogadas da liga naquela noite, sendo eleita #3.
Os afundanços de Neemias, a par dos desarmes de lançamento, são o lado mais visível do seu jogo. Mas não é só pelos highlights que o português está a construir uma reputação sólida como role player na NBA. O site BBall Index, referência em estatísticas avançadas, coloca o português entre os melhores da liga em duas áreas críticas e muitas vezes subestimadas para jogadores grandes: defesa de ajuda e qualidade dos bloqueios.
No ranking de Screening Talent, que avalia a eficácia dos bloqueios tendo em conta contacto, ângulo e criação de vantagem, Neemias aparece no 9.º lugar de toda a NBA, ao lado de nomes como Al Horford e Steven Adams. Este dado mostra que o internacional português não só executa bem do ponto de vista técnico como facilita o trabalho dos colegas com os seus bloqueios, directos ou indirectos, algo valorizado em postes de rotação — e essencial para acções de pick & roll e dribble handoffs.
Do lado defensivo, o impacto é ainda mais notório. Em D-LEBRON, métrica que mede o contributo defensivo de um jogador por 100 posses de bola com ajuste de contexto, Neemias surge no top-5 da liga como defensor de ajuda (help defender). Isto significa que a sua leitura de jogo, posicionamento e capacidade de proteger o cesto colocam-no entre a elite na NBA neste papel. A eficácia defensiva não vem só dos abafos registados — vem também da dissuasão, das rotações certas e da capacidade de antecipação.
Finalmente, quando se filtram apenas os jogadores no quarto ano na liga, Neemias aparece como 2.º melhor defensor, apenas atrás de Evan Mobley. É óbvio que o português beneficia de jogar contra segundas e terceiras unidades, e não se compara um jogador de rotação com um dos candidatos a DPOY, mas estes dados confirmam, pelo menos, que o poste português está a maximizar cada segundo em campo. Talvez não esteja nos destaques da ESPN, mas está nos modelos dos analistas. E isso, para quem estuda os números do jogo, é uma prova de evolução.
📊 Glossário das métricas BBall Index:
🔹 Screening Talent
Mede a qualidade dos bloqueios feitos por um jogador — incluindo contacto, ângulo, timing e capacidade de criar vantagem ofensiva. Vai além dos screen assists tradicionais, captando o valor táctico de cada bloqueio mesmo sem resultar directamente em pontos.
🔹 D-LEBRON (Defensive LEBRON)
Métrica avançada que estima o impacto defensivo de um jogador por 100 posses de bola, ajustando para qualidade dos colegas, adversários e efeitos de sorte. Mostra quanto a presença do jogador melhora a defesa da equipa em termos reais.
🔹 Helpers em D-LEBRON
Subcategoria dentro do D-LEBRON que avalia especificamente o impacto defensivo de um jogador enquanto defensor de ajuda — ou seja, fora do 1x1 direto, através de rotações, proteção do aro, fecho de linhas de passe e coberturas fora da bola.
🇵🇹 Rick Pitino aposta na evolução de Rúben Prey
Rick Pitino voltou a demonstrar confiança no potencial de Rúben Prey e revelou que a evolução do português é uma das prioridades da universidade de St. John’s este verão. Durante uma homenagem à equipa que foi eliminada na segunda ronda da March Madness, o treinador explicou que, após a temporada de estreia, Prey tem agora um foco claro: tornar-se mais eficaz. “O Rúben precisa de melhorar no capítulo do lançamento”, afirmou Pitino.
O técnico dos Red Storm sublinhou que jogadores como Rúben, Vince Iwuchukwu e Lefteris Liotopoulos “deram passos significativos” ao longo do ano e que espera uma explosão destes atletas no segundo ano sob o seu comando. “O Zuby (Ejiofor) mostrou isso na segunda época, e espero que o Ruben, o Vince e o Lefty façam o mesmo”, afirmou o treinador que foi distinguido com o prémio Werner Ladder Naismith National Coach of the Year.
A recusa de St. John’s em libertar Rúben Prey para representar Portugal no EuroBasket 2025 encaixa, assim, numa lógica de continuidade e crescimento interno. Num verão que será marcado pela entrada de novos atletas, ambições renovadas e o peso da fasquia elevada por uma temporada de sonho, Pitino quer que a evolução técnica individual seja a base para o próximo passo coletivo. E o nome de Rúben Prey está no centro dessa equação.
⭐ TCU oficializa Clara Silva
A universidade de Texas Christian oficializou a chegada de Clara Silva, poste portuguesa de 18 anos e 1,98 metros. Depois de uma temporada de estreia na NCAA ao serviço de Kentucky, a atleta natural de Faro muda-se para TCU, equipa que em 2024-25 chegou à Elite Eight da March Madness.
Apesar de já contar com duas outras jogadoras interiores para 2025-26 — Emily Hunter e Sarah Portlock —, TCU não escondeu o entusiasmo com a chegada de Clara. Nas redes sociais, o anúncio foi feito com a expressão "We got our center", deixando subentendido que a portuguesa é vista como a referência para o jogo interior dos Horned Frogs. Mais tarde, a publicação foi editada para uma formulação mais abrangente: "Our frontcourt just got better". A alteração na mensagem pode ser lida como uma tentativa de equilibrar expectativas dentro do plantel, mas a intenção inicial foi clara: Clara Silva chega a TCU para ser “a” poste.
Em Fort Worth, Clara terá a oportunidade de partilhar o campo com uma das maiores estrelas do basquetebol universitário: Olivia Miles. A base norte-americana foi protagonista de uma das decisões mais inesperadas do ano ao abdicar do draft da WNBA — onde era apontada como provável escolha n.º 2 — para regressar à NCAA. Em vez de continuar em Notre Dame, onde construiu uma carreira de excelência, Miles optou por entrar no transfer portal e comprometeu-se com TCU.
A equipa orientada por Mark Campbell junta assim duas peças-chave com potencial para marcar a diferença: uma base criativa e experiente, e uma poste em crescimento com projecção internacional. A chegada de Olivia Miles e Clara Silva insere-se numa estratégia ambiciosa de recrutamento que reforça as aspirações da universidade texana a afirmar-se definitivamente entre a elite do basquetebol feminino.
📚 Mesa de cabeceira
Zach Lowe está de volta.
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